História de cachorros



Todo dia,  mal amanhece , lá vem a pastor alemão que pensa que é gente, pedir o petisco.
Puxa as cobertas, cola o focinho gelado e dá mil voltas, enquanto não recebe seu bifinho, não descansa. Algumas vezes, dou apenas um para testar, ela volta e pede o segundo. Sabe muito bem seus direitos e não abre mão de nada.
Volto a dormir. O vai e vem das crianças pela calçada atiça a curiosidade. É hora de abrir a porta  e espiar a rua. Debruçada no muro ela gosta de latir para os estranhos e vigiar o portão.  
Fiona é o nome da cachorra falante. “Cachorrês”, que seja bem entendido, idioma que exige muita paciência e boa dose de intuição do dono.  Ela responde com latidos e ruídos mistos de rosnados e sons quando conversamos.
Agradece após receber qualquer alimento, com carinhos e gracinhas. Toma conta enquanto escrevo e quando é madrugada, começa a perturbar para que eu desligue o computador...e vá dormir.
Adora viajar para a serra. Sabe quando é hora de passear, pega a coleira e a guia e espera no portão, com aquela expressão impaciente.
Descobri  que ela era especial, assim que chegou aqui em casa. Última da ninhada, pequena, carinhosa , carinha de ‘’pidona ‘’ e destruidora.
Como adorava um chinelo , fios de luminárias caras e capas dos livros. Móveis da sala e jardim. Nada escapou aos dentinhos. Nem meus óculos.
A primeira consulta ao veterinário nunca será esquecida. Após o susto inicial com o tamanho das orelhas de Fiona, extremamente sem graça, o médico tentou consertar:- Mas as orelhas estão em pé, e ela tem apenas dois meses, não é ótimo?
Comecei a oferecer muitos brinquedinhos, especialmente bolas em todas as cores e materiais. Incrível como Fiona ainda tem a primeira bolinha que ganhou  intacta, ela é muito cuidadosa com as coisas dela. Dela!
Quase na mesma época conheci  Bernardo, cãozinho de rua, frágil e desconfiado. Foi para o lar perfeito,  com a difícil tarefa de alegrar o vazio deixado pela cadelinha Polla. 
O carente  encheu-se de mimos , e  em alguns meses tornou-se um reizinho mandão, ciumento e muito levado. Sem raça certa, um misto de pastor e beagle, ele realmente tem um jeito engraçado.
A brincadeira preferida de Bê,  é permanecer  escondido no jardim, esperando  uma vítima passar desatenta bem rente ao muro.
É neste momento que ele  sai em disparada, aplica um susto horrível na pessoa, jogando as patas no portão de ferro e fazendo muito barulho. A expressão de contentament, já merecia um castigo.
Obviamente seu nome na rua é um palavrão muito feio.
 A meninada do colégio próximo adora. Todos os dias, a gritaria é a diversão do cãozinho gordinho e metido a valente. Quando há uma boa platéia, Bê pula com as quatro patas no ar e faz piruetas circenses. Aplausos para o Bernardo. Ele merece!
Bartolomeu é um labrador caramelo com cara feliz. O dono não havia lido ''Marley e Eu'' e achou o cãozinho irresistível. 
Ele não pode ver água nem chuva.  Cavar buracos são suas maiores paixões. Brinca com tudo e não tem a menor noção do tamanho e força. Isto significa que pesando quase quarenta quilos, insiste em pedir colo.
Bartô também é um fujão e coleciona tesouros que encontra pela vizinhança. Brinquedos, livros , cabides e até uma placa de carro.
 Nunca houve reclamações, é difícil resistir ao jeito bonachão do labrador. Ele simplesmente é muito simpático. Em segundos vira o melhor amigo, depois...sente-se íntimo com direito à uma soneca no sofá.
 Um final de semana de campeonato de futebol. Churrasco armado e todos na torcida, de repente a transmissão é interrompida.  Até descobrirem o “defeito” , ele ainda perambulou pela festa. Quando encontraram o fio mastigado,  desapareceu e só retornou no dia seguinte.

Bartô atualmente, anda muito ocupado praticando natação na grande piscina recém construída. Foi ensinado a subir pela escadinha, para evitar futuros acidentes. O grande problema, é que ele não liga para horários. Pode ser ouvido mergulhando e latindo em plena madrugada.

Para terminar temos um poodle. Com humor de pitbull.
Esta raça nunca pode faltar, em qualquer boa história de cachorros.
 Não qualquer um, mas Romário, o ''pitpoodle'' do Andaraí.  A graça consiste na ferocidade do pequeno, capaz de identificar os brinquedos por nome.
O dono manda:- Romarinho, o Pateta... – Ele sai todo alegre e volta com o boneco certo. Logo em seguida abocanha a Minnie e o Pato Donald. Não sei como, mas este cão devia ir à Disney.
Quando fica sozinho, coisa que detesta, faz campo minado pela casa inteira em pequenas poças de xixi. Quando ouve o barulho da chave na porta, esconde-se e passa bom tempo evitando o dono. Sempre imaginamos quanto água ele precisa beber e nunca chegamos a qualquer solução.
Romário, Fiona , Bernardo e Bartolomeu são mal educados, indisciplinados e mereciam uma mão mais firme, segundo o adestrador.
 Longe de ser padrão, jamais participarão de qualquer campeonato ou desfile.
Mas são nossos cães,  trouxeram alegria, companhia, amor, amizade e alguma dor de cabeça. Nada é perfeito.




-Bernardo em seu puf






 
Giselle Sato
Enviado por Giselle Sato em 14/07/2008
Reeditado em 03/09/2009
Código do texto: T1079633
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