Abismo Da Escuridão - Página 12
Os três ainda estavam no banheiro.
_ Me sigam até a sala do diretor!_ disse o professor.
_ A sala do Pena? Mas porquê?_ perguntava o gordão, inconformado.
_ Cala a boca Barril! Tu vai pra lá, e ponto final. Vou mostrar a obra de arte que tu fez no..._ Aurélio olhou pra mim, querendo saber meu nome.
_ Léo. _ respondi.
_ Ah, deixa esse mané, assim mesmo. Ele é um maior otário. _ disse o Barril.
_ Foi esse o apelido que tu deu pra ele? _perguntou Aurélio.
_ Sei lá. Se ele quiser ser chamado assim, ficarei feliz.
_ Me chame do que quiser. _ respondi não querendo contrariar mais ninguém.
_ Idiota, trouxa, babaca, burro, imbecil. O otário continua melhor. _ riu ele, logo após a fala. _ É um otário mesmo.
_ Tá bom! Vamos logo sair daqui. – disse o professor.
Aurélio passou por mim em direção a porta. Eu imaginava se ele faria mais alguma coisa. Mas quando ouvi o trinco da porta sendo destrancado senti um tremendo alívio. Ou isso que ele fez antes já foi o suficiente, ou uma hora ou outra ele iria me encurralar novamente. Preciso tomar mais cuidado com ele, do que caras como o Barril. Por falar nisso, foi ele que me deu um empurrão em direção a porta.
_ Vão bora, porra! _ disse ele. Aurélio olhou para o corredor pra ver se tinha alguém por perto.
_ Vem. Podem sair. _ Eu e Barril saímos do banheiro. Não havia ninguém naquele corredor. Uma outra coisa que notei, é que o chão estava molhado. Quando eu entrei, ele estava seco. Talvez algum faxineiro tenha limpado o chão enquanto estava do lado de dentro. Mas se fosse isso, ele teria ouvido a voz de três pessoas dentro do banheiro trancado.
Voltei para o corredor da escola. Aurélio caminhava na frente e eu e Barril atrás. Praticamente não havia alunos ao longo do largo corredor. Só vi uns cinco ou seis em todo o percurso. Será que já foram para a aula? Que ótimo! Além de ter levado o trote, chego super atrasado para minha primeira aula.
No finalzinho do corredor, havia mais um corredor para a direita e um para esquerda. E havia uma porta dupla na parede logo à frente. Não era essa a sala do diretor, já que virei para o corredor da direita. Era uma subida. E depois de uma curva, o chão virava uma escada. Mais 8 degraus e novamente uma curva. E depois mais duas curvas até chegar ao segundo andar. Saímos praticamente no centro do corredor do segundo andar. Fomos para o lado oposto, onde havia um outro corredor para o terceiro andar. Da mesma forma que o primeiro, havia uma subida e logo depois os degraus. E nós chegamos ao último andar. Saindo no meio do corredor, fomos para a direita, onde avistei uma porta dupla de madeira escura com duas maçanetas douradas.
O diretor dessa escola se chama Albert Pena Almeida. Gostaria de saber que tipo de pessoa ele é. Apesar de já saber que ele não tem uma reputação pra lá das melhores. Aliás, até agora, não vi nenhum funcionário decente nesta escola. Se o diretor for o mesmo tipo de pessoa ruim, está explicado porque nessa escola existe tanta gente assim. Não sei como ela é uma das melhores escolas da cidade. Talvez alguns professores façam a diferença.
Nós três paramos em frente à porta dupla. Acima dela, estava pregada uma placa na parede com o nome do diretor. Não sei porque, mas tenho impressão de que esse diretor é um cara vaidoso. Pessoas vaidosas precisam de dinheiro. Já estou com uma ruim impressão dele.
Na próxima página: Minha nova escola é bem grande. Parece ser um lugar divertido. Mas parece que nunca me livro do trote, não importa para que escola eu vou.