MENINOS DA ROÇA

CAP. XX

O homem sorriu para as crianças e tranqüilizou-as, dizendo que Siá Doninha, era uma “donna di grande cuore”. (Mulher de grande coração)

 Zico pediu pra ser levado pra casa. O polonês ofereceu a mão para o garoto. Ele aceitou-a. A seguir, pegou o rifle que deixara abandonado no chão. Com uma só mão, vestiu a alça da arma, que ficou apoiada em suas costas. Sempre sorrindo, ofereceu a outra mão para Menina.

_ Viene anche tu, bambina! =(Venha você também, menina)

Os cães pareciam felizes com a presença das crianças. Como verdadeiros guardiões, dividiram-se em par e ladearam os três humanos. Afinal estavam a caminho de casa.
 
Menina logo se deu conta de que sem ajuda, ela jamais teria acertado a direção da casa. É que quando eles fugiram de perto da cabana, tomaram a direção oposta ao mandiocal. Talvez porque tivessem corrido meio agachados. O que importava naquele momento é que logo chegariam à chácara.

Enquanto caminhavam, ela ficou imaginando a surpresa que as irmãs teriam. Vê-los chegar em companhia daquele que, até poucos minutos atrás, era um verdadeiro bicho-papão.
 
Nenhum dos dois se preocupou em saber o nome do polonês. Zico conversava animado com ele e até o convidou para almoçar, quando chegassem ao casarão. O homem agradeceu dizendo “grazie”. Menina pensou que ele estivesse falando espanhol, era a segunda língua falada em sua casa, então ficou feliz.

Demorou um pouco até Menina reconhecer o caminho por onde passavam. Quando afinal viram a porteira da chácara, os pequenos tiveram o impulso de correr para chegar logo.
 
Já próximos da casa, viram que o número de pessoas aumentara. A varanda estava cheia de gente. Serviam-se da gostosa comida preparada por Siá Doninha e suas comadres.
 
Latide e Liviva, com as novas amigas, estavam sentadas num longo banco de madeira. Tinham o prato apoiado sobre as pernas. Comiam e conversavam animadamente, até o momento que perceberam a aproximação do polonês, de mãos dadas com os irmãos. O susto foi tão grande que Liviva deixou cair o prato de alumínio e a comida se espalhou pelo chão. 

Não sabendo o que fazer, a garota correu para o interior do casarão. Dali a pouco voltou, escondendo-se atrás da avó, que veio saber o que acontecera. Quando a viu, o polonês fez um gesto como se fosse tirar o chapéu e inclinando o corpo para frente, cumprimentou-a: 

Continua...

Hull de La Fuente
Enviado por Hull de La Fuente em 19/05/2008
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