EU, O BOTO ROSA

EU, O BOTO ROSA
Jorge Linhaça

Todo mundo me conhece
como o moço do chapéu
que nas festas aparece
e as moças enternece
com os seus lábios de mel.

Don Juan do amazonas,
-já me deram o apelido-,
sedutor de muitas donas:
raparigas ou matronas,
no despertar da libido.

Mas no século dezoito,
era a lenda diferente:
eram, os moços, afoitos,
atraídos para o coito,
por bela dama envolvente.

Na figura feminina
me chamavam de mãe d'agua,
sereia, moça menina
que com seu canto fascina
afogando suas máguas.

Mas se vale o presente,
moço bonito é que sou:
fala mansa, envolvente
que a moça certamente
já provou e já gostou.

Arquétipo da sedução.
Sou o animus e o anima
sou o fogo da paixão
que arde no coração
quando o corpo se inflama.

Cuidado moça bonita
das aldeias ribeirinhas
sou belo às tuas vistas
que, depois da conquista,
no leito do rio se aninha