MENINOS DA ROÇA...continuação

Cap. XV


_ Eu também tô vendo  os cachorros.  Cuidado pra não sacudir os galhos da moita. Eles podem nos descobrir.

No pátio da cabana se encontravam três grandes vira-latas de cor amarelo-queimado. Estavam deitados. Olhavam na direção oposta à dos meninos. Pareciam esperar alguém. Tinham as cabeças levantadas e as orelhas também. Subitamente, os três levantaram metade dos corpos e ficaram sentados. Alguém ou algo devia estar se aproximando daquele lado.

Menina pôde observar que os três tinham as mesmas características dos cachorros de “seu” João, o caçador. Provavelmente, aqueles também eram caçadores.

Zico começara a dar mostra de aborrecimento. Os mosquitos o estavam picando muito. Ela também estava sendo picada. Mesmo assim fazia sinal pra que ele esperasse mais tempo. De repente, ouviu-se um latido forte. Vinha da direção que os cães olhavam.

Foi então que de detrás da cortina de mato, surgiu um homem alto, branco, louro. Calçava botas de cano alto e usava um chapéu de lona cáqui, como aqueles dos caçadores de safári. Nas costas, um rifle. Estava acompanhado de um cachorro da mesma raça dos três que esperavam na casa, mas este era preto. Zico e Menina se olharam atônitos.

O garoto, amedrontado, falou baixinho:

_Moço! Ele tá pelado! Ele não usa roupa! Vamos embora daqui logo... Vamos moço!

_ Tá bom, Zico, vamos logo. Mas não faça barulho, senão ele vai ver a gente. Vamos esperar ele entrar na casa. Se a gente levantar agora, ele vai ver.

O homem estava de costas para as crianças. Brincava com os cães que saltavam à sua volta. Falava uma língua incompreensível. Os cachorros, entretanto, pareciam compreender tudo.

_ Mi siete mancati, ragazzi! = (Senti saudades, rapazes!) – Dizia o homem.

O cachorro preto, ainda preso pela corda, pareceu farejar alguma coisa.


Continua...
Hull de La Fuente
Enviado por Hull de La Fuente em 16/05/2008
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