O lápis que não queria escrever
Tina chegou da escola, jogou a bolsa na cama e correu para a varanda. Olhou os bichinhos de estimação, beijou um por um e acariciou Panda, a tartaruguinha rugosa, medrosa, desastrosa que acabou enfiando a cabeça lá dentro da carcaça, que era toda desenhada e pintada de marrom, branco e laranja, quase igual ao arco-íris.
Tina correu para o quarto toda ansiosa para pegar o lápis que a mãe havia deixado em cima do armário cor de canário...era só alegria
para a menininha que agora só queria usar o lápis e fazer o mais lindo rabisco e mostrar aos amiguinhos do bairro e da escola. Toda faceira, pegou o lápis ajeitou-se na cadeira, deu um suspiro profundo, arrumou os cabelos e ao tentar fazer o primeiro rabisco o novo amigo se recusou...
Tina olhou espantada sem poder nada entender e disse:
- Lápis, você não foi feito para escrever?
- Sim. - respondeu ele.
- Então por que se recusa a fazer o meu lindo desenho?
- Porque não estou com vontade. Quero ficar na minha latinha descansando.
- Puxa! amiguinho, cheguei tão alegre pra te encontrar e juntos formarmos um belo par, mas você se recusar a brincar.
- Está bem. Vou atender ao seu pedido, afinal seus dedinhos são amigos que me conduzem no horizonte mágico dos rabiscos, das letras e das festas das palavras.
- Obrigada, lápis querido, sem você esse papel branco nunca teria sentido.
Tina e seu amigo passaram horas num universo encantado e esqueceram do mundo e mergulharam profundo noutro mar, pescando as letrinhas com seus dedinhos a nadar...