MENINOS DA ROÇA
Cap. XI



O garoto que o ajudava parou o trabalho e começou a rir. Antônio, vaidoso como ele só, ficou encabulado e vermelho. Mas logo recuperou a pose e respondeu:

_ Esta é uma roupa de trabalhador, sua malandrinha. Você está vendo alguém aqui com roupa melhor do que esta?

Zico respondeu no lugar dela:

_ É que a gente nunca viu o senhor com roupa de espantalho. Até o chapéu dele o senhor pegou.

O dois rapazes caíram na gargalhada, mas em seguida, Antônio aconselhou-os a voltarem para o casarão. As crianças se recusaram. Ofereceram-se pra ajudar no plantio. O tio explicou que aquela não era tarefa para criança. Que elas deviam procurar uma sombra pra se abrigarem. Menina olhou em volta e não viu nenhuma sombra. Mas viu lá ao longe, o tronco do jequitibá tombado. Animada, falou com o tio:

_ Tio, o senhor tá vendo aquela baleia caída lá perto da cerca?

_ Que baleia você está vendo aqui nesse cerrado?

_ Aquela lá! A que ninguém quis levar pra serraria. Foi o Zico quem falou que é uma baleia. Parece mesmo, não é?

Antônio e o ajudante acharam que as crianças tinham razão. A imensa tora era muito parecida com uma baleia encalhada.

_ Então, tio? A gente pode ir lá? O senhor fica olhando daqui, tá?

_ Está bem, podem ir. Mas tenham cuidado ao pisarem por esse terreno. Tem muitos buracos perigosos. Os tatus cavam túneis por toda parte. Eles podem ceder com o peso de vocês.

_ A gente toma cuidado, tio! O senhor deixa a gente levar o seu cantil? A gente pode ficar com sede. Lá não tem água.

O rapaz tirou o cantil do pescoço e o entregou à sobrinha. Quando os dois deram alguns passos em direção ao tronco, o tio gritou:

continua...
Hull de La Fuente
Enviado por Hull de La Fuente em 12/05/2008
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