MENINOS DA ROÇA

Cap. VIII

Os dois se fartaram de bolo...

Os dois se fartaram de bolo de arroz e biscoitos de polvilho. Enquanto a empregada servia, era observada, com carinho pelos dois. Menina quis saber de quem eram as enormes panelas e bules. Calma Maria explicou:

_ O pai doceis pidiu imprestado lá no refeitoru da Fundação. Amenhã ditardi vai tê di adevorvê tudinho.

_Esses pratos de alumínio também? - perguntou Zico, apontando a pilha de mais cinqüenta pratos sobre a mesa de tábuas.

_ Tamém os pratu, os galfu, as cuié, us copo. Tudo qui oceis tá veno diferenti é du refeitoru.

_ Como foi que eu não vi quando trouxeram isto tudo aqui pra casa? Onde é que eu tava?

_ Ocê tava durmino, Minina. Sió Ricardo chegô bein dimenhanzinha cum camião chei dessas coisa. Agora ceis vai brincá! Vô tê de ajudá as muierada na cunzinha. As irmã doceis tá tudo brincano lá no terreiro, perto du forno. Ceis vai pra lá, mais vê si num briga cum ninguém.

Maria conhecia as crianças muito bem. Sabia que o convívio entre os quatro, nem sempre era possível. Sempre havia briga ou discussão. Os pequenos saíram em direção do local indicado por Maria. Siá Doninha, Josefa e uma vizinha estavam junto ao forno de barro, cuidando dos assados. O cheiro bom dos temperos estava por toda parte. Menina e Zico se aproximaram e pediram a bênção pra avó e pra mãe. Os dois nem ouviram o “Deus abençoe” das duas, pois já haviam avistado as irmãs que brincavam com mais três garotas, à sombra das laranjeiras. Elas brincavam de casinha de bonecas.

A recepção a eles não foi nada acolhedora. Liviva foi logo advertindo que não podiam tocar em coisa alguma ou mesmo dar opinião. Menina não gostou dos modos da irmã e reagiu:

_Por que não podemos brincar com vocês?
Eu não fiz nada, ainda...

_ É!
Mas vai fazer! A gente já sabe como você é. Respondeu Latide. Menina não se abateu e prosseguiu.


continua ...
Hull de La Fuente
Enviado por Hull de La Fuente em 09/05/2008
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