O Circo
O Circo
Por Marcelo Santoro
Entraram em cena. Eram três.
Três artistas.
Então apareceram as bolas. Coloridas.
Eram nove.
Cada artista com suas três bolas. Mãos tão rápidas, que confundiam o olho de toda a gente, bolas tão rápidas que confundiam toda a cor. Iam ao alto, voltavam de lá, riam. Amparadas por mãos tão pequenas, que quase sumiam ao olho de toda a gente.
Então eram como uma pirâmide.
Pés fincados no chão com tamanha decisão, quase tão fortes como os de um gigante.
E nas costas dele o outro. E mais um lá em cima. Três artistas, agora tão altos que quase apagavam o sol.
E nenhuma bola foi ao chão. Continuavam a trocar de mão, uma correndo atrás da outra, a branca tentando alcançar a azul, perseguida pela verde.
Rostos quase tão sérios que preocupavam toda a gente. Mas sorriam.
Então não eram mais uma pirâmide, mas novamente três pequenos artistas. Cada um com suas três bolas coloridas. Através das fileiras, recolheram o pagamento. Sorriam e eram tão sérios que se faziam adultos.
O sinal abriu. Os carros seguiram. Preparavam novo número. Em três minutos entrariam em cena novamente.