CARRINHOS ENVENENADOS
CARRINHOS ENVENENADOS
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Maria de Fatima Delfina de Moraes
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Cansou de pedir:
- Ah! Compra papai!
- Compra um carrinho pra mim!
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O seu pai com voz rude, vocifera:
- Já não há o comer!
- Já não sei o que fazer!
- De onde tirar o sustento para não vê-lo morrer?
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O menino em soluços,
num cantinho do quarto muito triste,
chora baixinho...
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Não entende, aos cinco anos,
porque não poder ter o carrinho
igual ao da caixinha mágica
que todos chamam de TV.
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Quando vem da escola,
fica em frente à caixinha
na loja de mercadorias,
com os quais só pode sonhar.
Admirado, vê a Corrida passar...
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Pede ajuda a um amigo,
e usando a fantasia,
começam com muita alegria,
o seu sonho construir.
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Com algumas latinhas trabalham
e com arame e oito rodinhas
de tampinhas Pet em desuso,
com todo carinho constroem enfim
os carrinhos que um dia ele viu na TV.
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Ah! Ficaram uma beleza!
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O transeunte pergunta:
- Onde está o motor que não consigo ver?
E o menininho, responde:
- Aqui, oh!
- Rooooooooommmmmmmmm!
Rio de Janeiro - Brasil