CONVIVENDO NO AMBIENTE ESCOLAR

 
As travessuras, as trapalhadas e os rompantes de cunho solidário do garoto Pé no Bolo são conhecidos por todas as pessoas do seu convívio comunitário, mas, desta feita, não foi isso que chamou à atenção dos seus conhecidos na sua comunidade.
Naquele momento, em especial, ele se tornava uma criança apta para dar início à sua vida escolar e todos ali esperavam que ele estivesse preparado para enfrentar o dia a dia de uma sala de aula, quiçá, de uma maneira comportamental infantil muito discreta devido ao seu modo extrovertido de ser.
Início das aulas. Finalmente, era chegado o dia de frequentar uma sala de aula de ensino fundamental, de um desses garotos que dispensa comentários, no tocante à prática de estripulias, as mais variadas, em qualquer lugar que ele se encontrasse.
Muito ansioso pela chegada daquele momento ímpar na sua vida até então, antes de apanhar a sua sacola com os seus apetrechos escolares, o garoto, que demonstrava certa pressa e preocupação, beijou seus pais e, um pouco antes de se dirigir para sua escola, procurou o seu irmão mais velho e perguntou:
- Zezinho, é verdade que a criança que não gosta de estudar recebe castigo na escola e em casa também? E quando essa criança cresce ainda recebe castigo nas ruas?
O irmão dele ficou bastante surpreso com aquele tipo de questionamento que, com certeza, não era muito próprio de uma criança daquela idade, mas respondeu-lhe:
- Meu irmãozinho sapeca, já que você me fez essas perguntas, preste bem atenção no que eu vou lhe falar agora:
- Nenhuma criança, por mais sapeca e buliçosa que ela seja, deve ser educada à base de castigo, nem na escola onde ela estuda, nem no ambiente do seu lar. A educação básica de uma criança deve ser acompanhada de bastantes conselhos, de muitas orientações e de muito carinho. Quanto aos castigos que essa criança, depois de crescida, poderá receber nas ruas, isso só irá acontecer se ela fizer as coisas erradas lá fora -   e sorriu.
Pé no Bolo ouviu toda aquela explicação didática do seu irmão, com os olhos bem esbugalhados, em seguida esboçou um sorriso meio maroto e, sem muita perda de tempo, contra atacou:
- Está bem meu irmãozinho sabido. Você respondeu minhas perguntas com essas palavras bonitas, mas eu não entendi direito a sua resposta. E como você sabe muito bem, eu tenho essa mania de querer saber as coisas de um jeito bem “explicadinho”, então me responda mais uma pergunta, antes de eu ir para a escola:
- Quer dizer que se eu fizer minha lição errada na escola alguém poderá me bater na rua antes de eu chegar aqui em casa e ainda poderei apanhar dentro de casa, como se eu fosse uma criança grande?
Zezinho sorriu, passou uma das mãos sobre a cabeça de Pé no Bolo como se estivesse alisando o cabelo dele e falou bem baixinho:
- Não, meu irmãozinho, as crianças grandes que fazem coisas erradas nas ruas e por causa disso são castigadas, às vezes, foi porque elas não receberam boas orientações ou não quiseram atender os conselhos dos familiares delas.
Geralmente, quando isso acontece, ou seja, de as crianças não serem bem educadas quando pequenas, quando elas crescem, acabam sendo educadas de uma forma bem estranha, por outras pessoas, fora de sua casa - concluiu.

O garotinho Pé no Bolo, agora mais aliviado, suspirou bem fundo, deu umas tapinhas no ombro de seu irmão e murmurou:
- Já entendi o recado, meu irmão. Quer dizer que se eu não estudar direito aqui em casa e da mesma forma lá na escola, bem como se eu não fizer minhas lições e deveres escolares de forma correta, eu corro o risco de apanhar agora e mais tarde quando eu crescer?
Antes que seu irmão tentasse prolongar aquela conversa, e ele que já estava preocupado em não chegar atrasado no seu primeiro dia de aula, disse-lhe:
- Isso não é bom, meu irmão. Eu vou ter que me safar dessa. Eu confesso que não nasci para sofrer por causa disso e, em seguida, saiu correndo para sua escola que ficava a poucos metros dali.
Germano Correia da Silva
Enviado por Germano Correia da Silva em 16/03/2008
Reeditado em 10/06/2020
Código do texto: T904114
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