Bolinhas mágicas - parte ll
Primeiro dia, primeiro encontro
Pupy acordou de mau-humor.Levantou,mas continuava com sono,resultado da noite mal-dormida.Lavou o rosto,escovou mecanicamente os dentes.Na mesa do café,não deu nenhuma palavra."Estamos muito calados hoje,hein,maninha?Já está pensando na escola?"Falou Lelo,seu irmão mais velho."Ela deve pensar é em quanto vai aprender lá...vai ficar mais sapeca ainda!"disse gargalhando Francisca,sua irmã três anos mais velha."A mãe vai junto hoje e amanhã,depois eu te levo e te busco todos os dias,a minha escola é ao lado da tua!"Pupy continuava calada enquanto levava a xícara aos lábios,naquela manhã o Nescau estava azedo como ela,mais da metade do pãozinho com chimia de uva e requeijão foram parar na boca do pequeno vira-lata da casa,Tobi,escondido embaixo da mesa,que agradecido comeu com vontade!...o tempo passou rapidinho,quando ela viu,seu pai já estava chamando todos para levar ao colégio.O mais velho e os gêmeos sairam de bicicleta.Era mais rápido irem atravessando o parque,tinha muito menos caminho e trânsito.Pupy e Francisca entraram,sentaram no banco de trás.A mãe ia falando com o pai e a irmã,mas Pupy não ouviu nenhuma palavra.Seu coração batia como um tambor!A cada rua que passava,mais suas mãos suavam.Puxava a saia,tentando cobrir os joelhos,não se sentia bem,nem a vontade...A escola ficava distante 20 minutos de sua casa.Era ampla,tinha um muro alto,com grades pontudas,mal se via o telhado da rua.Entraram pelo enorme portão de ferro,aberto e vigiado por um segurança tão grande quanto o portão.O lado de dentro do muro revelava um prédio clássico,três andares,várias janelas,escadarias de pedra,pátio interno com muitas árvores e bancos espalhados,santos em cantinhos ideais para oração.Muitas crianças,muitos pais em todas as direções.Mulheres de hábito preto,sorrindo e orientando os desgarrados.Uma escola muito boa,com religiosas que lhe iam ensinar a "ser gente",finalmente ela chegara!A mãe ficou com ela,enquanto o pai esperava no carro,lendo jornal.Indicadas pela mulher de roupa preta,longa,ainda sorridente,ela foi deixada na porta da sala:segunda série B-turma 24.A mãe deu beijo,deixou dinheiro para o lanche,pois ela esquecera de trazer a bolachinha,que ficou em cima da mesa do café,"Qualquer coisa pede para a professora,tá?" a mãe recomendou antes de ir embora.Os colegas todos já se conheciam, chamavam-se pelo nome,se abraçavam,falavam alto na ânsia de botar em dia todas as atividades das férias.As trinta cadeiras da sala estavam dividas em 5 fileiras únicas,uma classe atrás da outra.Pupy sentou na primeira cadeira,bem pertinho da porta,na parede.Só assistia.A professora entrou e sentou na mesa."Me chamo Beatriz,irmã Beatriz!"Era uma das mulheres de preto,que se apresentava para os alunos.Conversou com todos,Pupy respondia só sim ou não com a cabeça.Na hora da chamada,viu que sua convivência não seria fácil ao dizer "Plesente!".Os colegas riram dela,gargalharam e debocharam da troca de letras.Pupy não respondeu as provocações,ficou vermelha como um tomate,mas não de vergonha,como pensou a irmã Beatriz,mas de pura raiva!"Não vai fical assim!Eles vão vel só!"Não gostou de nenhum colega.Só queria ir para casa,ficou olhando o relógio na parede,abaixo do crucifixo,esperando que o tempo acelerasse.No recreio,andou pelo pátio,explorou os cantinhos com santos,achou sozinha a cantina,comprou um salgadinho e um suco.Escolheu o cantinho mais calmo,um velho banco de praça,ao lado da capela,para lanchar.Crianças pequenas corriam e gritavam,as maiores se reuniam em grupos ,que separados se observavam, onde mocinhas desfilavam ou contavam segredos."Olá,Pupy!"ouviu uma voz fininha chamando.O som vinha do arbusto,atrás do velho banco.Ela virou curiosa,procurando o dono da voz.Quase que seu coração sai pela boca do susto e seus olhos saltam das órbitas:a voz vinha de uma pequenina e delicada fada!!Era coberta de pó brilhante,voava em zigue-zague,com asinhas semelhantes à libélula,vestidinho verde de musgo,cabelinhos vermelhos e olhinhos do mais puro azul"Inclível!Mãe do céu,o que é isto,tô sonhando?Elas existem mesmo!!!"Curiosa e admirada,Pupy olhava a fadinha com surpresa.como ela sabia seu nome?O que será que queria com ela,justamente ela?Perguntas mil pipocavam em sua cabeça,enquanto o mundo à sua volta continuava rodando.Pupy perguntou:"o que você quel comigo?"A fadinha repondeu:"Amanhã falaremos,volte aqui nesta mesma hora!Por enquanto,quero apenas que guardes segredo"...E a pequenina sumiu,pegando carona num raio de sol.