Lino na Terra do Sr. Onírico

Acorde meu filho

Vá se preparar

Já é dia e tem que viajar.

Mamãe? O que faz aqui?

Onde está Alisse?

O gato de botas?

A rainha de copas?

O príncipe com a rosa?

A menina que subiu a montanha?

O pássaro azul?

O homem de lata?

O espantalho?

O leão?

Ah! Meu filho...

Estão todos na sua imaginação.

Vamos logo se preparar!

Com certeza você estava a sonhar!

Não pode ser pois parecia real!

Tudo era tão especial.

Vamos, sua avó não pode esperar.

Disse a ela que à tarde você iria chegar.

Lino entrou no trem com muita emoção.

Foi se acomodar em seu vagão.

Piuí!

O trem já vai partir.

A viagem foi linda.

Com tudo que há:

Paisagem bonita,

Vaquinha no pasto,

Montanhas distantes,

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Também tinha rio e riacho!

E sempre vaca no pasto!

Na estação combinada

Estava a avó,

Toda animada

Com a visita do netinho

Ele era tratado a pão-de-ló.

Tanto pelo avô quanto pela avó.

Lino brincou com cavalos,

Correu pelo campo,

Comeu fruta no pé,

Só vivia descalço.

Nem tinha mais chulé!

No rio nadou,

Pescou, vibrou,

Se encantou!

Era tudo que um menino podia querer:

No ar puro, livre viver!

Correr, saltar,

Frutas no pé pegar.

Comê-las à sombra da árvore,

Dormir na grama verdinha,

Depois do lanche da tardinha.

Lino aproveitou cada dia no campo.

Tudo era como um encanto.

Amigos conquistou,

Com eles brincou,

Passeou, caçou

Teve festa de quadrilha!

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Olha a cobra! É mentira!

Olha a chuva! É mentira!

Cumprimento de damas.

Cumprimento cavaleiros.

Ah! Sua dama era linda!

Isso não era mentira!

Era a mais linda da cidade.

Eram da mesma idade.

Tinha olhos azul da cor do céu.

E uma pele que lembrava o mel.

Dançaram de montão.

Comeram milho,

Pipoca, canjicão. Tinha até quentão!

Mas isso não era para criança não!

Brincou na pescaria.

Fez tudo que queria.

Quando a festa acabou,

Lino com ela combinou:

Um passeio de barco

No dia seguinte

Cheio de pompa e de requinte!

Pareciam um casal de apaixonados!

Mas como eram crianças, estavam bem atrapalhados!

Eles não sabiam como remar!

Ficaram em círculos a navegar.

Com muita imaginação.

Fingiram que eram náufragos de uma embarcação

Lutaram contra ondas e tempestades.

Força para isso tinham a vontade.

Foi uma manhã emocionante!

Não desgrudaram um só instante.

A hora do almoço chegou.

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Lino a convidou.

Mas ela tinha que em casa almoçar

Pois um primo iria lhe visitar

O menino sentiu um forte ciúme

Falou com a avó sobre seu queixume

A avó que tinha mais experiência

Pediu que tivesse mais paciência

Pois o priminho da menina linda

Só tinha dois anos. Era pequeno ainda.

Lino então ficou mais tranqüilo

Sentiu-se um tolo por ter feito aquilo

Voltou a se contentar

Foi até com o avô de carroça passear

Comprou comida para os animais

Para o menino:

Pipoca, bala, pirulito e tudo mais

Era tudo tão bonito

Tão gostoso de se ver

Aquelas pessoas calmas

Que no campo adoram viver

O ar é mais puro, com mais oxigênio

Realmente Deus deu duro!

Ele é mesmo um gênio!

O homem com suas idéias

É que estraga esse equilíbrio

Claro que nem todas as idéias são erradas

Mas se o homem quisesse,

A natureza estaria mais preservada.

Na viajem de volta a fazenda

Lino e seu avô viram uma mulher fazendo renda

O que é aquela coisa estranha?

Parece até a mulher aranha!

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É renda

Com essa moça quero falar

Para que meu neto?

Para eu aprender a fazer renda e depois namorar

Igual a musica que a mamãe canta

Não meu querido!

Isso é só uma canção!

Vamos indo, preciso cuidar da mimosa,

Do cavalo, da cerca e do portão.

Aquele que está quebrado?

Isso! Depois vamos cuidar do arado.

Fazenda é coisa muito séria.

Se não fosse o campo,

A cidade teria mais miséria.

A comida lá de casa não vem do mercadinho

O aipim, a batata e a cenoura

Não brotam nos mercados

São tiradas da lavoura

Graças aos homens que plantam

É que eu fico com saúde

Olha lá meu neto:

Quem está a lhe esperar!

É a menina da quadrilha

Com saudade deve estar

Onde está o seu primo?

Já sei que é pequeno

Foi para casa do meu tio

E eu vim para contigo brincar

Vamos lá no riacho

Tomar banho de montão

Lá estão minhas amigas,

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O meu pai

E meu irmão

Todos os dias nessa hora

Meu pai vai para lá pescar

Depois vamos embora

Para o peixe assar

Se quiser vai lá em casa

Hoje terá peixe na brasa

Vamos indo! Estão nos esperando

Olha lá que coisa linda

É aquele ribeirão! Que água cristalina!

Pule logo menina! Vamos logo mergulhar!

Tô ficando com vontade

De com seu pai pescar!

Tá puxando! Tá puxando!

Eu não vou mais agüentar!

Acho que pesquei uma baleia!

Espere um pouco seu menino

Preste muita atenção:

Afrouxa um pouquinho

Pra dar canseira no bichão

Deixa ele lutar com você

O peixe acha que é forte

Mas, com certeza, vai perder

Esse é de grande porte

Espere só um instante

Isso foi muita sorte

Sorte de principiante

Olhe só vovô!

O que eu pesquei lá no riacho!

Já pode ser pescador!

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Carlos Barreto
Enviado por Carlos Barreto em 20/02/2008
Reeditado em 07/08/2012
Código do texto: T867155
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