Poeminho do Vendedor de Limões de Itararé
Poema do Guri Vendedor de Limões
Lá vem o guri berebento
Vendedor de limões verdes
Com cracas, com amarelão
Ele é triste, humilde, desenxabido.
-Vai comprar limão, Dona Carlota Sinhá?
-Quer limão, Profetio? – pedimplora o piá.
O guri tem olhos lambidos de boi guzerá
Mais triste do que ele em Itararé não há.
Devem bater nele de relho, coitadinho
Deve passar uma fome caipora na sua vidinha
A acidez da fruta que vende baratinho
Nem lucro direito dá
Mas deve vir de sua alma de bala azedinha.
Não sabe o curumim, no seu triste enredo
Porque é apenas um moleque aprendiz
Que a maior vingança é ser feliz
Mas certamente ele descobrirá o segredo.
O olhar do menino pobrezinho é da cor
Dos limões azedos que vende
Mas as lágrimas, coitadas
Jamais darão limonadas.
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Silas Correa Leite, República Etílico-Rural de Itararé
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