o caburé
Tentava pegar o sol com a mão
Quando seus últimos suspiros
Daquele dia fatídico
Esfriavam a cacunda do Morro da Capuava
Veio um caburé
E pousou em meus ombros
E perguntou baixinho
O que queres de mim? Conheço todos os morros desse Brasil sem fim
Vá até o Rio de Janeiro
Pouse no nariz do Cristo do Corcovado
Encontre meu amado
Mas, atenção com o que falas
Pois tu és um bichinho agoureiro
E podes espantá-lo
Digas a ele, que aqui no Sertão
A vida passa lentamente
Eu envelheço
Mas meu amor se renova
Dia a dia,
Noites infindas
Mais e mais
(Aqui há um certo eco de Edgar A. Poe.)