NO SÍTIO DE GUMERCINDO
De tudo ali acontecia
O dia acordava cedinho
Lá vinha o quero, quero
Desfilando pelo caminho
Para alimentar os filhotes
Pega o pobre besourinho.
Tinha o galo Adamastor
Que esquecia de acordar
E se era dia de chuva
O obre só sabia roncar
Assim o dia despertava
Sem o galo cantar.
No alvorecer da passarada
Nunca faltava alegria
O bem-te-vi atrevido
Era canto pra todo lado
Dizia declamar poesia.
Tinha uma galinha tonta
Que vivia assustada
Tinha medo até da sombra
E corria destrambelhada
Saia gritando socorro!
Estou sendo atacada.
E a pobre da ovelha
Quando era tosquiada
De vergonha se escondia
E não saia pra nada
Dizia ter vergonha
De viver assim pelada.
Na casa grande morava
Seu tempo era fazer doces
Nunca saia daquela cozinha
E no dia da feira na vila
Entregava tudo numa vendinha.
Tinha porco, peru e pavão
Um burro e dois jumentos
Que declamava versos
Falando dos sentimentos
Quando um falava da felicidade
O burro só tinha ressentimentos.
Coitado do seu Gumercindo
Vivia levando tropeço
Com a memória falhando
Voltava lá do começo
Recontava essa história
E dizia! Ser feliz eu mereço.
Autora- Irá Rodrigues