Parábola da Amora

Peguei minha crença mais morta, a casca ruim do fruto

A em Deus

Peguei minha crença mais viva, o viscoso palatável sulco

A em liceus

Finalmente, peguei a alquimia dos meus tempos, o liquidificador

A casca virou minha pele, o limite do quão divino permito-me

O sulco virou meu sangue, o possibilismo dentro do finito-me

Mas também havia a semente, o maldito germe que se joga fora com a água do banho.

Coei o licor de Éter

Plantei no jardim

Porque afinal, a colheita é feita do plantio, dizem profetas

E as sementes eram tão só os hormônios, a flor da pele.

Então, com minha ossatura emaranhada no meu amado.

Perguntei-lhe:

Qual seu suco preferido?

Tem que bater casca, sulco e bagaço

Ele sorriu, lembrando da parábola, respondendo:

Amora

De fato, havia nascido um pé de amora do pequeno fruto plantado.

E como quem entra em pânico com o estudo botânico.

Tive certeza que o meu jardim era o de Éden.