Mais bonitinho do que eu...
Neuzinha, menina de seus sete a oito anos, como aliás quase todos nós da classe de Dona Gilda, não parava quieta um instante, tal a sua vivacidade na sala de aula. A mestra, que não lhe ficava atrás, pois dava aulas em Pitangui e no distrito de São Gonçalo do Brumado, a uma légua de distância, e, por prendada que era, naturalmente, "havera" de atrair as atenções da rapaziada, deu à irrequieta pupila, carinhosamente - bom que se frise - o apelido de Neuza Piorra,,,,
Eu, que era novato na turma de Pitangui, pois viera transferido do Brumado naquele primeiro ano letivo, vivia com o boró colado no banco, pois ainda que movido pelo desejo piorral, carecia do principal, que era justamente, o traquejo, categoria em que Neuzinha, menina da cidade, simplesmente exuberava...enquanto pela sala assoalhada do velho edifício da Tangará, simplesmente rodopiava..
Sem a graça ou a destreza para acompanhar a coleguinha, para chamar-lhe a atenção, plagiei verbalmente a mestra, diante de todos os colegas: Neuza Piorra...!
Pegou mal: ferida em seus brios, por um mero par escolar, Neuzinha retrucou apenas que ia contar para o seu mano maior, o João, para reparar a ofensa...
E eu mal sabia quem era o João, senão que era mais forte e mais bonitinho do que eu... E acho até que num único cara a cara que tivemos ele chegou a ameaçar algum tabefe restaurador, mas ainda não cumpriu, e do radar meu, até suverteu...
E Neuzinha seguiu em frente, irrequietamente...e quando na já na juventude voltamos brevemente, a nos encontrar, ei-la cantora de nossa Jovem Guarda, mais que popular, a piorrar, sem o João a guardar...