Caio, O Candango e a Construção de Brasília
Em uma cidadezinha chamada Sobral, no coração do Ceará, vivia Caio, conhecido por todos como "Caio, o Candango". A palavra "candango" era usada para descrever os trabalhadores que vieram de todas as partes do Brasil para construir Brasília, a nova capital do país, no final da década de 1950. Ele, como muitos, enfrentava dificuldades financeiras (passava fome, não tinha dinheiro para comprar os alimentos) e sonhava com uma vida melhor para sua família.
Determinado, Caio juntou o pouco dinheiro que tinha e, junto com sua esposa e dois filhos, partiu para o Planalto Central. Ao chegar, a família passou a morar em um barraco na Ceilândia, uma região que crescia rapidamente com a chegada de trabalhadores como ele. A vida lá era desafiadora. Os "candangos" viviam em condições precárias, em barracos feitos de madeira e metal. Não existia água encanada ou eletricidade. Mas havia uma forte esperança entre os moradores, pois achavam que estavam construindo o futuro do país.
Após enfrentar muitas dificuldades, Caio conseguiu emprego como pedreiro. Ele trabalhou na construção de dois prédios muito importantes: os Ministérios da Educação e da Saúde, localizados na Esplanada dos Ministérios, desenhados pelo renomado arquiteto Oscar Niemeyer. Esses prédios eram parte do sonho do presidente Juscelino Kubitschek, presidente do Brasil que prometeu construir a nova capital em apenas quatro anos – um feito que muitos consideravam impossível.
Além de contribuir para a construção de importantes edifícios de Brasília, Caio também ajudou a construir escolas em Ceilândia. Essas escolas eram fundamentais para a comunidade, pois representavam a esperança de um futuro melhor para os filhos dos "candangos".
O sonho de Caio era que seus filhos tivessem uma educação de qualidade, algo que ele mesmo não teve a oportunidade de ter. Ele era analfabeto e queria ver seus filhos alfabetizados e cursando faculdade.
Contudo, após a construção das escolas, Caio enfrentou um novo desafio: ele não conseguia matricular seu filho na escola que ajudou a construir. As vagas eram limitadas, e havia muita demanda por educação na nova capital.
Desapontado, mas não derrotado, Caio não desistiu. Ele lutou incansavelmente, conversando com professores, diretores e até mesmo outros pais, buscando uma solução. Sua perseverança e dedicação chamaram a atenção da comunidade, e, finalmente, seu filho foi matriculado na escola.
A história de Caio, o Candango, é uma representação do espírito dos trabalhadores que construíram Brasília. Apesar das adversidades, eles perseveraram, contribuindo para a realização de um sonho audacioso. Brasília, uma cidade que surgiu do nada, tornou-se a capital do Brasil, um símbolo de modernidade e inovação.