Nomo, o macaquinho internauta
Nomo é um macaquinho diferente
Ele é muito moderno e até parece gente
Vive conectado em seu mundo digital
Ganhou um iphone do seu avô Vital.
Nomo mudou totalmente o seu jeito de viver
Afastou-se dos amigos e parou de escrever
Usava o celular até na hora de comer
Dormia muito tarde, quase ao amanhecer.
A Internet que usava era de última geração
Fibra ótica bem potente para evitar decepção
Ficava muito nervoso quando faltava conexão
Até sentia pontada no descompassado coração.
O celular de Nomo sempre estava à sua mão
Nas poucas horas que dormia, colocava-o sobre o colchão
Navegar na rede tornou-se uma devoção
Abandonou os colegas e até seu primo João.
Na hora de tomar banho ele ia com o celular
Quando ficava sem Internet só faltava enfartar
Se ficasse longe por uma hora sentia o mundo girar
Já estava até zarolho de tanto digitar.
Nomo, o macaquinho, já não conversava com ninguém
A mãe ficou zonza e comprou um celular também
O pai se desesperou e se mudou pra Xerém
O macaquinho e a mãe naquele triste vai e vem.
A comunicação se dava apenas por mensagem
O filho e a mãe eram apenas uma imagem
Viviam como estranhos, era uma grande viagem
Da vida social eles fizeram sabotagem.
Nomo passou a sentir um formigamento na mão
Com os olhos ressecados e também hipertensão
Andava ansioso e com um baticum no coração
Sentia dor de cabeça, mas sempre com o celular à mão.
Um dia o pai de Nomo foi ao filho visitar
Viu que estava doente e foi preciso internar
O macaquinho piorou e começou a vomitar
Porque no hospital o celular não podia entrar.
O médico ficou preocupado e foi o caso estudar
Descobriu que Nomo precisava se desintoxicar
Quando o macaco soube começou a chorar
O médico disse: - é nomofobia e precisa se curar.