O CAVALINHO VALENTE

O CAVALINHO VALENTE

No celeiro da “Fazenda Esperança” nasceu um cavalinho diferente, ele tinha a cabeça grande com os olhos pequenos, as pernas tortas, dois dentes bem grandes na frente da boca, uma orelha grande e a outra pequena, mas o que chamava a atenção era sua enorme barriga.

Seu nome era garrincha e sempre ficava perto de sua mãe, que o protegia das brincadeiras maldosas que os animais da fazenda faziam com ele. Garrincha era chamado de todo tipo de apelido.

Certo dia o Porco Seboso chamou garrincha de cabeça de repolho, esse bullying deixou cavalinho muito triste.

Na manhã seguinte a Ema Perneta chamou garrincha de perna de alicate e o fez chorar muito, até que ele traçou um plano de fuga da fazenda com seu único amigo; o Cachorro Veludo que tinha esse nome por ter o pelo grande, fofo e escuro.

Eles nunca haviam se afastado das cercas da fazenda, pois sabiam que depois do rio havia uma mata escura e perigosa. Os mais velhos contavam histórias terríveis daquele lugar, de animais que foram brincar na floresta e nunca mais voltaram para casa.

Um belo dia garrincha saiu quando ainda estava escuro enquanto todos os animais da fazenda estavam sonolentos e foi escoltado por seu amigo Veludo por um caminho disfarçado até a ponte onde se despediram abraçados embaixo de uma grande figueira. Então o cavalinho entrou na mata sombria, ainda molhada pelas gotas de orvalho que escorriam pelas folhas dos arbustos.

Ele andava com os olhos arregalados e as orelhas atentas a qualquer barulho estranho, pois tudo era novo e ouvia ao mesmo tempo as moscas voando, os grilos cantando, os sapos coaxando e o vento assoviava quando tocava na folhagem.

Garrincha ficou desorientado e sem saber para onde ir e assim foi entrando cada vez mais na mata desconhecida, até que ficou cansado e quando parou para beber água fresca no riacho azul quase foi comido por um crocodilo gigante, rapidamente ele saltou de lado e correu muito sentindo seu coração bater forte de tanto medo.

Depois da correria o cavalinho encostou-se a um tronco seco para descansar, mas logo foi picado por uma abelha e então ele quis provar o mel apetitoso e foi atacado por um enxame de abelhas ferozes que o deixaram com vários hematomas pelo corpo.

Todo dolorido pelas ferroadas o cavalinho correu até chegar a uma caverna e quando ele entrou deu de cara com uma nuvem de morcegos que fugiam assustados e depois disso uma cobra enorme que morava no lugar queria o cavalinho para o seu almoço, mas ele foi esperto e novamente fugiu desesperado.

Garrincha continuou andando em círculos até parar para descansar na clareira no meio da floresta, mas uma onça malvada saltou sobre ele e o cavalinho desferiu um coice rápido na barriga da fera que caiu agonizando, então ele aproveitou para fugir e depois de andar pelo matagal o cavalinho se deparou com um paredão de rochas cercado de plantas espinhosas dos dois lados.

Logo atrás dele dona onça se aproximava lentamente para devorá-lo, Garrincha tremia apavorado com medo da fera, mas de repente Veludo saltou da rocha encarando a onça, mostrando os dentes até colocar a fera para correr.

Os dois amigos retornaram guiados pelo afiado faro de veludo que havia marcado uma trilha para fora da floresta. Ao encontrar dona égua os dois contaram a verdade e prometeram nunca mais entrar na mata perigosa. A mãe de garrincha o colocou de castigo por desobediência e ele tinha a tarefa de varrer o celeiro durante um mês.