O boneco da vovó

Quando vovó tinha 7 anos ganhou um boneco de papelão com pernas braços que se movimentavam. Ele veio pelado e vovó fez para ele uma roupinha.

Ela pensou que ele, o boneco, deveria ser batizado, para receber um nome. A primeira coisa que ela fez foi convidar as coleguinhas para o batizado.

A mãe da vovó, fez doce de banana enfeitado com folhinhas verdes do quintal para a criançada comemorar o batizado.

Foi a mãe da vovó que solenemente fez o batismo do boneco: — “Eu te batizo com água quente, para que nunca vire gente”.

Então, ele recebeu o nome de Marco Antônio.

A vovó não separava do boneco, brincava e brincava sempre com ele.

Como ele era feito de papelão, ele não podia tomar banho. Quando ameaçava chover, a vovó sempre o guardava na caixa de brinquedos.

À medida que vovó crescia, ela foi deixando de lado o Marco Antônio, até que ele foi esquecido numa caixa, em cima do guarda-roupa.

 

Passaram-se 70 anos...

Um belo dia, vovó me contou a história do Marco Antônio e eu logo quis conhecê-lo.

Vovô o retirou de cima do guarda-roupa, e eu com muito cuidado pude carregá-lo.

Encantada, observei que a sua roupinha estava manchada pelo tempo. O branco virou cinza com manchas escuras.

Vovô prometeu fazer uma roupa nova de tricô para ele, e assim o fez.

Outro dia, quando cheguei à escola, a professora propôs uma tarefa para nós, levar na próxima aula, um objeto antigo e outro novo para compararmos. Logo pensei: vou levar o Marco Antônio da vovó com, 70 anos e um boneco meu que é tão novo e nem foi batizado.

Foi um sucesso! Todo mundo queria carregar o Marco Antônio. A professora elogiou a minha ideia.

Vovó estava pensando em doar o Marco Antônio para um Museu de Brinquedos. Acho que não vou deixar, quero ficar com o Marco Antônio até eu fazer 70 anos ou mais.

 

 

José Marcos Ramos
Enviado por José Marcos Ramos em 13/08/2023
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