O menino e o último pirulito.
Tinha um menino muito pobrezinho, que se chamava Toninho. Todo dia na escola ele ficava num canto sozinho e muito triste.
Um dia, outro menino vendo a tristeza dele tirou do bolso o seu último pirulito, se aproximou do Toninho e disse:
- Hei menino! Este é o meu último pirulito. Vou dar para você. Você quer? Perguntou.
- Claro que eu quero. Mas não é o último? Respondeu Toninho surpreso.
- Sim, é o último, por isso vou dar para você.
Toninho pegou aquele pirulito, como se fosse um presente. Agradeceu e foi logo tirando o plástico que cobria o cheiroso pirulito de morango e deu uma grande lambida.
- Hummm! Que gostoso!
Sua boca se encheu de água e ainda com os olhinhos fechados deu um grande sorriso.
Antes de jogar fora o plástico que protegia o doce ele pensou:
... Puxa! O menino falou que este é o último pirulito... Tão cheiroso... Tão gostoso...Quer saber? Vou usar o plástico para guardar o pirulito para depois, senão... Acaba logo.
Assim o Toninho dava uma lambida por dia no seu precioso pirulito, com receio de acabar. Embrulhava no plástico com muito cuidado e guardava dentro do seu bolso.
Sempre que vinha a tristeza ele "slup", dava uma lambida no pirulito e a alegria voltava. Ele não se desgrudava daquela preciosidade... Até dormia com ele, afinal aquele era o último de todos os pirulitos. Não existiria mais pirulito depois daquele. Assim ele pensava...
Um dia ficou com medo de levar o pirulito na escola, pois todo mundo pedia uma lambida e ele recusava. Decidiu deixar o pirulito em casa. Contou então para a sua mãe que ele tinha o último pirulito do mundo e que ele queria que ela o ajudasse a encontrar um esconderijo para guardar seu cobiçado tesouro. Sua mãe achou a estória engraçada e ajudou o Toninho a esconder o pirulito.
Buscaram por lugares possíveis em toda a casa.
- Atrás da porta da cozinha. Disse o Toninho.
- Não. Ia logo dizendo a sua mãe.
- Debaixo da cama... - Também não. - Em cima do armário... -Não, é muito alto.
- Já sei! Disse em voz alta o Toninho:
- Vou guardar dentro do meu porta-lápis.
E assim, o precioso, o tesouro mais gostoso, o último pirulito, ficou escondido no meio dos lápis de cor.
Horas depois, quando o Toninho chegou da escola, ele correu até o seu quarto, pegou o pirulito e...
Para sua surpresa, só tinha o palito e o plastiquinho vazio.
Abriu desesperadamente o plástico que embrulhava o pirulito e viu um monte de formiguinhas correndo pra lá e pra cá. Chegou então a uma conclusão: As formigas tinham comido tudo.
Toninho ficou tristonho de novo e chorou, chorou, chorou o resto do dia.
Sua mãe ficou muito preocupada ao ver o seu filho assim tão triste e perguntou:
- Toninho, o que aconteceu para você chorar assim? Alguém te bateu na escola?
Toninho soluçando tentou responder:
- Fo... Fo... Foi o pirulito! As fo... fo... formigas comeram todo o meu pirulito. Buaaa! Buaaaa! Tornou a chorar, mostrando só o palito para a sua mãe.
Ela então pegou o Toninho no colo, saiu de casa apressada e foi até o mercadinho da rua de trás. O Toninho continuava a soluçar e a chorar pelo destino do último pirulito.
Já dentro do mercado, no corredor onde ficam os doces, sua mãe falou bem baixinho no ouvido do Toninho:
- Pronto meu filho. Pare de chorar. Abra seus olhinhos e veja quantos pirulitos ainda existem. Aquele era o último pirulito do seu amigo, pois ele não tinha mais naquele momento. Toma esta caixa de pirulitos pra você.
Toninho ficou tão feliz, mas tão feliz que abraçando a caixa de pirulitos e ainda soluçando, tentou dizer para sua mãe:
- Mãe. Pi... Pi... Pi
Sua mãe tentando ajudar o filho a falar disse:
- Já sei filhinho. Pi... Pi... Pirulito.
- Não mamãe. É pi... pi... pipi mesmo.
E o Toninho fez xixi nas calças de tão contente que estava.
Assim, no dia seguinte o Toninho levou a caixa de pirulitos para a escola e distribuiu para todos os seus amiguinhos, menos o último pirulito, que ele lambeu, lambeu, lambeu até ficar só o palito.