Minha Vida num Tanque
Eu sou uma celebridade da natureza: sou uma Tartaruga Marinha! Gente do mundo inteiro vem me visitar. Depois que eu contar a minha estória vocês vão entender o porquê.
Vou me apresentar para vocês: eu sou uma Tartaruga Cabeçuda e tenho 21 anos. Eu moro num tanque do centro de pesquisas do Projeto Tamar na Barra da Lagoa em Florianópolis. As pessoas que cuidam de mim não sabem se sou macho ou fêmea porque as tartarugas marinhas só se tornam adultas lá pelos 28 anos. Os meus tratadores me chamam de Pit-Bull porque um dia eu fiquei chateada e mordi os canos de água salgada do meu tanque. Também, quem não ficaria estressado morando num tanque tão pequeno!
A minha rotina diária é sempre a mesma. Pela manhã os tanques são esvaziados e limpos. A minha carapaça (meu casco!) é escovada e minha pele esfregada com uma esponja. Mais tarde, quando os tanques já estão cheios de água marinha novamente, o parque recebe os visitantes. Lá para o final da tarde é a hora da janta: 300 gramas de carne de peixe picada! Como eu estou em cativeiro eu como com regularidade –os pobres dos meus parentes no oceano podem ficar até três meses sem um pingo de comida! De noite eu durmo no fundo do meu tanque com água aquecida por 6 a 8 horas. Daí então eu preciso subir para respirar... e a mesma rotina começa toda de novo!
Missão de vida
Eu tenho uma missão importante: eu ajudo a alertar os visitantes para os perigos que as Tartarugas Marinhas enfrentam. Não apenas os predadores naturais como os pássaros e os caranguejos mas também as redes de pescar, o lixo atirado nas águas oceânicas e o excesso de iluminação noturna nas praias de desova também podem matar um montão dos meus parentes.
Os pesquisadores do Projeto Tamar me encontraram numa praia de desova no nordeste do Brasil. As Tartarugas Marinhas Cabeçudas colocam entre 120-150 ovos mas nem todos são chocados. E este foi o meu caso. O meu ovo foi guardado e eles esperaram então até que ele chocasse e aí me trouxeram para cá como um lindo filhotinho de tartaruga!
Que maravilha, me salvei! Agora eles estudam o meu desenvolvimento e os meus hábitos. Eles também me usam para mostrar às pessoas como as tartarugas marinhas são belas e como elas são necessárias na natureza.
Visitantes Atrapalhados
O parque recebe visitantes e excursões escolares para atividades de ensino. As crianças e os professores adoram os meus coleguinhas e a mim, fazem todo o tipo de perguntas. Os estudantes voluntários que trabalham aqui dão todas as respostas e mostram o nosso parque. Nós nos divertimos muito juntos quando o pessoal se comporta bem e é gentil... mas às vezes as pessoas ficam tão empolgadas que derrubam câmaras fotográficas e telefones celulares no meu tanque! Nossa, que confusão... Um dia um homem fez uma traquinagem horrível. Quando todos os voluntários estavam ocupados ele pulou a cerca de proteção para provocar a Tartaruga-de-Pente. Ela ficou tão amedrontada que mordeu o dedo dele! Bah, foi um caos. Foi com muito esforço que convenceram a Tartaruga-de-Pente a soltar o dedo do malvadão. A coitada da minha amiga de Pente ficou estressada por um tempão... Nós gostamos quando os visitantes nos respeitam e não são barulhentos.
Agora vocês sabem do papel tão importante das tartarugas do Projeto Tamar para ajudar a ciência! E esta é a minha contribuição para preservar o meio ambiente. Quando vocês vierem à Florianópolis venham me visitar!
*Escrevi essa história em 2008 para o curso PROFESSIONAL CHILDREN'S WRITING COURSE que fiz à distância no Thomson Education Direct na Austrália. Visitei o Projeto Tamar na Barra da Lagoa em Florianópolis/SC e entrevistei os pesquisadores da época que me receberam com entusiasmo. Minha gratidão!