Banho de bacia
Cronicas-->Banho de bacia -- 26/09/2013 - 00:21 (Brazílio)
Chuveiro era ainda novidade, e rara, naqueles anos cinquenta de tanta rua poeirenta do Brumado de São Gonçalo. Mas o banho, que acompanhou até o precursor João no Jordão, esse era sagrado - ainda que salteado. E toda a assepsia, da bacia é que dependia. Bacias estanhadas, diga-se de passagem, e de lavagem. O emprego do plástico se limitava a alguns brinquedos, telas, e não parecia ter ainda subido a bacia.
E logo logo se reconhecia de onde se constatava e se espevitava um banho de fresco tomado: além do cheiro inconfundível e penetrante dos sabonetes doutrora, quiném o gessy, o lever, ou o eucalol, a marca d´água demorava deixar a sinalização ir embora: pela janela, a água usada no banho era vertida na rua, e nem sempre com o devido cuidado para não se acertar um passante desavisado. E chuá...! ficava o território marcado, com a vantagem de se apagar a poeira frontal e, no entremeio, de se afirmar o próprio asseio, sem receio.
O banho de bacia, a um ritual prolongado obedecia: primeiro, carecia quentar a água no fogão a lenha, levá-la já pelando para o quarto, onde a bacia já se ansiava por sua chegada, temperá-la com água fria, juntar o sabonete, a toalha e, para as moças ciosas de suas prendas preciosas, dar uma espiada debaixo da cama para se constatar que de macho ali naquele observatório reinol, nada mais jazia que o urinol, vigia de noite e dia.