Cada bicho é de um jeitinho diferente

– Pato!... Pato!... Pato!...

– Paaato!... Patoooo!... Paaatooo!... Patinhooo!

Mariana chama o pato, que está solto no terreno. Mas ele não vem.

Vovô João pega um pouco de milho e chama o pato. Aí, ele vem.

O pato, depois que come, corre de volta para o terreno.

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– Peixe!... Peixe!... Peixe!...

– Peeeixe!... Peixeee!... Peieexeee!... Peixinhooo!

Mariana bate a mão na água do lago, chamando o peixe. Mas ele não vem.

Vovô João joga miolo de pão na água e chama o peixe. Aí, ele vem.

O peixe, depois que come, nada para longe nas águas do lago.

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– Borboleta!... Borboleta!... Borboleta!...

– Borbolêêêta!... Borboletaaa!... Borbolêêêtaaa!... Borboletinhaaa!

Mariana estende as mãos para o céu, chamando a borboleta. Mas ela não vem.

Vovô João também estende as mãos. Mas a borboleta não vem de jeito nenhum.

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– Cavalo!... Cavalo!... Cavalo!...

– Cavaaalo!... Cavalooo!... Cavaaalooo!... Cavalinhooo!

Mariana chama o cavalo, que está solto no pasto. Mas ele não vem.

Vovô João chama o cavalo: – Aqui, Trovão! Aí, ele vem.

O vovô dá um pouco de milho ao cavalo como prêmio.

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– Tuti!... Tuti!... Tuti!...

– Tuuuti!... Tutiii!... Tuuutiii!... Tutinhaaa!

Mariana chama a cadelinha do vovô João.

Tuti corre até ela, abanando o rabo alegremente.

Logo atrás, mesmo sem ser chamado, vem o Gringo, o outro cachorro do vovô.

Os cães não ganham nada para comer, mas seguem o seu dono pelo resto do passeio.

Depois, Mariana e o vovô pegam o caminho de volta para casa, montados no Trovão e seguidos por Tuti e Gringo.

Na porta de casa, o vovô dá mais milho para o Trovão e o manda de volta para o pasto.

O cavalo obedece à voz do seu dono.

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Eles se acomodam na varanda, para descansar.

A menina senta no colo do avô, enquanto a Tuti e o Gringo se acomodam aos seus pés.

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– Viu, Mariana?... Tem bichos que não vêm quando a gente chama, mas atendem quando oferecemos alguma coisa.

Esses, geralmente, partem depois de comer.

Também tem aqueles que não vêm se não te conhecem.

Primeiro, é preciso conquistá-los e aí, sim, eles vão te seguir sempre.

Tem aqueles que não virão nunca, não importa o que seja feito para chamá-los.

Tem aqueles que vêm quando chamados.

E os que não precisam ser chamados para virem.

Tem os que vêm pela comida. Os que vêm por amor. E os que não vêm nunca.

Tem aqueles que te acompanham sempre. E aqueles que só podem te seguir até um determinado ponto do caminho.

Precisamos saber como é cada um deles e respeitar a sua natureza.

Assim, a gente não se chateia quando eles não vêm ou quando vão embora.

Para quem vive no campo, é importante saber como é cada bicho.

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Mariana presta atenção às palavras do vovô João.

E não é que ele tem mesmo razão?

Ela não tem bem certeza, mas acha que as gentes também são assim mesmo.

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