VOVÔ E SUAS HISTÓRIAS

- Vô, conta uma história.

- Mas que história, Léo?

- Qualquer uma.

- Tá bom, mas é a última história de hoje. Que história você quer que eu conte?

- Do dinossauro.

- Mas logo de dinossauro? Não dá para ser outra? Dos macaquinhos na floresta?

- Não, tem que ser do dinossauro.

- Então, eu contei:

Léo, na fazenda do meu avô havia uma floresta grande, muito escura, ...

- Por que ela era escura? Meu neto me perguntou.

Ah, é porque havia tantas árvores, grandes, com muitas folhas, que o sol não entrava lá. Havia no meio da floresta uma montanha muito alta. Bem lá no fim havia um rio. Sabe quem morava lá?

- Não. Quem morava, vô?

Em uma caverna bem pertinho do rio morava um bicho grande, com dentes afiadíssimos, um terror.

- Já sei, disse o Léo. Um dinossauro!

Isso mesmo. Um enorme dinossauro. O Tiranossauro Rex.

- Nossa, vô. Você não tinha medo dele?

Eu não, mas também eu não ficava indo para aqueles lados do rio. É melhor a gente não arriscar, né?

- E daí? Disse o Léo assentando-se na cama e com os olhinhos fixos em mim.

Léo, deita aí. Sentado é que você não vai dormir mesmo.

- Tá bom, tá bom.

Então deita.

Na floresta morava também uma família de macaquinhos. Eles eram tão bonitos, tinham rabos grandes, os olhos redondinhos e uma boca enorme. Eram também muito engraçados e viviam de fazer macaquices. Enrolavam o rabo num galho da árvore, lá em cima, e ficavam balançando.

Havia um macaquinho que estava sempre perto do vovô dele. Sabe como era o nome dele?

- Não!

Era Léo. Olha só que coincidência, você se chama Léo e o macaquinho também chamava Léo.

Um dia o Léo falou para o vovô dele que estava com muita vontade de comer mel. O vovô queria buscar mel para o Léo, mas lembrou que as abelhas moravam dentro da caverna que era a casa do Ti-Rex.

Como o Léo insistisse com o vovô dele, mesmo sabendo que teriam que enfrentar o perigoso Ti-Rex, eles foram lá pras bandas do rio e chegaram pertinho da caverna. Advinha quem estava lá, bem na porta da caverna?

- O Ti-Rex, disse o Léo netão do vovô.

Isso mesmo, lá estava o Ti-Rex com aqueles dentes grandes, muitos dentes, uma boca enorme que cabia o vovô, o Léo, o macaquinho Léo e o vovô dele. Que perigo!

Mas havia uma chance: o Ti-Rex estava dormindo com boca aberta, roncando, a linguona de fora. O vovô disse para o macaquinho Léo: - Eu não consigo ir lá pegar o mel, mas você é bem mais rápido do que o vovô. Se o Ti-Rex acordar eu pulo aqui nas árvores e assobio e jogo pedras nele. Então, você foge pelos fundos da caverna. Certo, Léo?

- Certo, vovô!

Não, Léo, não é você. É o vovô do macaquinho quem estava falando.

- Humhum..

O vovô do Léo deu para ele uma jarrinha de barro e falou: desce lá, bem devagarinho, nem respira, passa por trás do Ti-Rex, pé por pé, muito cuidado, em silêncio, e entra na caverna e pega o mel. Depois volta que o vovô vai jogar o cipó para você subir bem rápido.

- Vô, o que é cipó?

Cipó é uma corda que desce da árvore e que ninguém fez. O cipó é corda que nasce da árvore mesmo. Entendeu?

- Sim.

Então, o Léo macaquinho desceu bem devagar, pé por pé, e foi andando. Nessa hora o Ti-Rex abriu ainda mais a boca, tossiu, abriu os olhos. Nossa, o vovô quase cai da árvore com medo do Ti-Rex pegar o Léo macaquinho.

Mas o Léo macaquinho era bem corajoso, e continuou andando. O Ti-Rex estava muito sonolento, nem viu, mudou de lado e continuou dormindo.

Então, o Léo macaquinho entrou na caverna e encheu o vasinho de mel. Ah, você não sabe o pior, as abelhas ficaram muito bravas com ele e saíram voando para ferroar o Léo macaquinho.

Foi aquela correria. Centenas de abelhas voando, o Ti-Rex acordou e ficou uma fera, mas as abelhas que saíam da colmeia não sabiam bem o que estava acontecendo e começaram a ferroar o Ti-Rex bem no nariz. Foi uma bagunça.

O vovô macacão jogou o cipó para o Léo, ele subiu bem rápido e eles foram pulando de árvore em árvore levando o mel. Só ouviam a gritaria do Ti-Rex lá na porta da caverna.

Então, o vovô macacão falou para o netinho dele, o Léo: vamos subir bem alto, lá na montanha; e vamos subir na maior árvore que tiver; e, depois, vamos para o galho mais alto. Lá tem um lugar muito legal para a gente deitar e comer o mel docinho.

Chegaram no mais alto galho, da mais alta árvore, da mais alta montanha, e deitaram comendo mel e olhando as estrelinhas do céu.

Olhei para o lado. Léo menininho estava dormindo. Puxa, logo agora que eu ia começar a contar o que havia naquelas estrelinhas tão longe, no céu escuro da noite.

No dia seguinte, perguntei: - Léo, você se lembra da história de ontem?

- Sim, vô.

Você dormiu, sabia? Até quando você ouviu da história?

- Parece que você estava falando de estrelinhas...

Ah, bom, então você ouviu a história toda.

- Vô, o que havia nas estrelinhas?

Olhei para o Léo menininho, agradecido a Deus por tanta curiosidade, por tantas perguntas infantis, pela oportunidade de contar histórias e disse: Hoje, à noite, eu te conto o que há nas estrelinhas.