A casa da minha Infância
A Casa da Minha Infância
A esquina chama-se oitão
O telhado não tinha beiral
O meio fio do calçadão
Não tinha cimento nem cal.
No alpendre os balaústres vernizantes
Sustentavam o telhado de verão
Nas estreitas veredas circundantes
Desfilavam anjos em procissão.
Nas brincadeiras de empurra, empurra
Arrastava-me rodopiando pelo chão
Mergulhava nos riachos de água pura
Limpos, livres de poluição.
Na cozinha exalando cheiro
Tacho de doces em profusão,
De caju, manga, goiaba e queijo
Crianças deliciavam-se sem contenção.
Na casa da minha infância circundavam
As galinhas no fim do terreiro,
O dia inteiro, alegres cacarejavam
Só à noitinha subiam ao poleiro.