Texto dramatúrgico: Esquete Teatral Infantil - com três personagens “Conversando sobre as tristezas" - história sobre inclusão

Texto dramatúrgico: Esquete Teatral Infantil - com três personagens

“Conversando sobre as tristezas"- história sobre inclusão

Autoria: Thaís Falleiros

AÇÃO: O pato e o cachorro estão andando felizes, ao som de música alegre, quando ouvem um choro baixinho. Música para. Começam a procurar e a chamar. Cachorro farejando e o pato batendo as asas. Ambos preocupados:

PATO: Quá, quá. Quem está chorando?

CACHORRO: Pelo meu surper ultra mega blaster faro, garanto que o som de choro é de filhote e vem daquele lado.

AÇÃO: Ambos correm em direção, mas o pato adverte:

PATO: Pare, Tucão. E se for uma armadilha? Ouvi dizer que outro dia desses os sapos da lagoa, pregaram uma peça na tartaruga. A atraíram para perto da casa deles, colocaram gosma no chão e a coitada saiu patinando, desorientada. Quase capotou!

CACHORRO: (Rosna) pois é, amigo. Ouvi essa história. Mas o sapo sábio, deu uma bronca naquelas crianças. Elas prometeram nunca mais fazer uma brincadeira feia dessas.

PATO: Que bom, não é? Não vejo graça em tirar sarro da cara dos outros. Rir do sofrimento alheio? Como assim? (Balançando a cabeça negativamente:) Quá, quá, quá.

AÇÃO: Os dois dão as mãos e se voltam para o caminho do começo. Choro aumenta.

CACHORRO: Jespato! Nós consideramos a possibilidade de ser mais uma brincadeira de mal gosto. Mas, e se dessa vez for algo sério? Não vou conseguir dormir à noite com essa dúvida cruel. (Chora:) auuu.

PATO: (Pensa por um instante) você tem razão. Você tem toda razão. Vamos voltar e tirar essa história à limpo.

AÇÃO: Os dois vão devagarzinho. Som de suspense. Quando chegam no ponto determinado, gritam:

CACHORRO E PATO: AHHH!

GATO: AHHH!

AÇÃO: Gato, ao se assustar, tenta se esconder.

CACHORRO: Calma gatinho. Não vou te machucar. O que você tem?

GATO: Deixem-me em paz. (Chora:) Miau!

PATO: Tato, é você? (Para o cachorro:) eu o conheço faz tempo, desde que nasceu. É filho da Gatilda. Nos conte sobre sua tristeza?

GATO: Não!

PATO: Tive uma ideia! Você me conta o que está sentindo e nós te contamos algo sobre nós. Assim você desabafa e nós também desabafamos. Afinal, a melhor maneira de lidar com um acontecimento ruim é conversando com alguém de confiança e depois encontrando a melhor maneira de lidar com o mau sentimento.

GATO: Miau... Está vendo essa minha patinha? Ela nasceu com um probleminha, é mais curta que as outras. Por esse motivo, eu estava brincando no parque, quando alguns tatus começaram a rir de mim e dizerem que eu tenho defeito. Fiquei tão triste, que caí de um brinquedo. Agora eu choro de dor e de tristeza mesmo. Miau.

CACHORRO: Em vez de falar sobre uma tristeza minha, vou te conta uma história.

ACÃO: Os três se sentam num cantinho e o cachorro começa a contar. Todos olham para frente, como que visualizando o que o cão fala.

CACHORRO: Era uma vez, um lugar muito perfeito. Lá não existia nenhum defeito. Todos eram iguais. Passarinhos, peixes, lagartos... todos só andavam. Não existia animais nem no céu e nem na água, só no chão. Todos eram do mesmo tamanho, da mesma cor e todos tinham escamas.

GATO: Peixes que respiravam e andavam? Como assim?

CACHORRO: Os peixes tinham pulmões e pernas, em vez de guelras e barbatanas. Era tudo igual, ou seja, perfeito.

PATO: Passarinhos com escamas?

CACHORRO: Pois é. Não existiam penas, nem pelos. Lembram-se? Todos eram iguais. E por isso se achavam perfeitos.

Mas, continuando... um dia, uma corujinha resolveu brincar de inovar. Começou a andar dando pulinhos. E isso causou grande comoção naquele local. Todos a criticavam, mas ela estava se divertindo. Ela era diferente, e por ser diferente daquele grupo, a sua diferença era vista como um defeito.

GATO: E aí? Continua.

CACHORRO: Não há um fim para essa história. Sabe por quê? Porque ela é muito chata.

AÇÃO: Pato se levanta.

PATO: Eu não acredito que você nos fez ouvir uma história pela metade. Quá, quá. (Pensando:) mas pelo menos o gatinho parou de chorar!

AÇÃO: Cachorro e gato se levantam.

CACHORRO: Com essa história sem pé, nem cabeça, só queria refletir sobre quão chato seria se todos fossem iguais. E mais, todos nós temos limitações. O pássaro não sabe nadar, o peixe não sabe andar e por aí vai. Cada um é o que é!

PATO: E sabe do que mais, todos nós temos limitações.

CACHORRO: Era o que eu dizia!

PATO: Você não está entendendo o meu pensamento. Existem as limitações físicas, mas existem aquelas que ninguém vê.

GATO: Ãhn?

PATO: Medos, traumas, dúvidas, tristezas.

GATO e CACHORRO: Ah!

GATO: E se procurar bem todo mundo tem algo que gostaria de melhorar, não é mesmo?

CACHORRO: É verdade. Mas todos nós temos qualidades. Todos, todos. Isso não significa que as limitações não doam, porque doem. A gente fica chateado, às vezes a dor é física e às vezes a dor é emocional. Não precisamos esconder de nós mesmos nossas tristezas. Mas não podemos esquecer de nossas alegrias. Entendem?

GATO: (coçando a cabeça: ) é complexo.

PATO: Em outras palavras, por muito tempo acreditou-se que deveríamos esconder nossas dores, mas não. Precisamos falar sobre elas. E ao mesmo tempo, não esquecer de todas as coisas boas que temos.

CACHORRO: E respeitar as dores dos outros, porque todo mundo tem alguma!

GATO: Vocês querem brincar comigo lá no parque?

PATO e CACHORRO: Sim! Boa ideia!

CACHORRO: E se vermos aqueles tatus que zoaram com você, vou conversar com eles. Fazer entender que não é bacana a ação deles. Enquanto isso, vamos nos divertir. E a cada prova que a vida nos der, a gente reflete, e aprende algo novo.

AÇÃO: Os três saem felizes, cantando a mesma música do começo.

ATENÇÃO: Esta obra não pode ser comercializada.

Ao representa-la é indispensável a citação da autoria.

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Gratidão!