Lenda do trovão.

Diz a lenda.

Se é que é lenda, porque eu cá pra mim tenho minhas dúvidas que em um tempo bem distante, onde o mundo ainda era criança, tudo era diferente.

Esta lenda conta, que a natureza naquele tempo era espessa, as árvores frondosas e gigantescas, e os bichos, ah os bichos, alguns deles eram gigantescos e também muito ferozes, tanto que viviam na mata, cercados por vegetação vasta, alimentação farta, e dali não saíam nunca, e sendo assim não representavam perigo.

Já pensaram nos bichos que hoje vemos em tamanhos gigantes?

Nossa, dá até medo né?

Mas fiquem calmos porque os bichos eram outros, e compatíveis com a era e com o mundo em que viviam.

Uma pena hoje estarem extintos, não podendo serem por todos conhecidos.

Mas continuemos a nossa estória.

Naquele mundo, apesar de haver seres gigantescos, ainda era um mundo criança, e as coisas eram bem diferentes das que vivemos agora.

Tudo ainda era misterioso.

Não havia as facilidades de agora

E até na natureza daquele mundo muitas coisas faltavam.

Não que Deus não as tenha criado, mas por ser aquele mundo ainda crianças, os seres que o habitavam também eram crianças ainda e não entendiam as coisas direito, precisavam descobrir por si só a melhor forma de viver bem e assim crescer com ele, porque Deus quando cria as coisas, as cria com tudo que precisamos pra ser feliz, mas cada um tem de descobrir o que é melhor porque não somos todos iguais, então assim sendo, cada um pensa diferente e deseja coisas diferentes também.

Neste mundo tinha de tudo, tudo o que os homens que ali viviam necessitasse, tudo ao seu alcance, e tudo que eles precisavam para crescerem, mas assim como tudo naquele mundo, o homem também ainda era criança, era criança no saber e quase nada entendia, e sendo assim, achava tudo complicado e difícil.

Quer ver um exemplo de como aos homens daquele tempo a compreensão de certas coisas eram difíceis?

Hoje quando temos fome pedimos o que queremos, mas quando ainda éramos bebês, apenas chorávamos e era pelo nosso choro que nossos pais descobriam o que precisávamos e nos davam.

Naquele tempo era assim, os homens não sabiam como pedir e nem o que deveriam pedir, já que por desconhecimento intelectual, eram inocentes e ignorantes dos conhecimentos de agora, e só podiam ter o que precisavam

quando demonstravam necessidade, e essas necessidades eram demonstradas através do medo que tinham em enfrentar o desconhecido, e aí, Deus ia aos poucos orientando e incentivando a fazer o certo, porque o certo está sempre dentro da gente mas nem sempre percebemos.

Por isso às vezes surge em nós aquela palavrinha que pode ser boa ou ruim, dependendo do sentido que ela tem no momento em que surge em nosso pensamento.

"Será? "

Quando essa palavra surge, é sinal que devemos parar e analisar o momento e tomar uma decisão de forma que seja o melhor a todos e não só a nós.

Sabe que eu acho que até hoje tem homens assim, que não entendem as coisas e aí fazem tudo errado?

Mas eles só vão continuar errando até o dia que decidirem aprender.

Bem mas isto não vem ao caso agora, vamos ao que a lenda diz.

Diz a lenda, e continuo achando que de lenda nem tudo o que aqui escrevo é, porque muito de realidade aqui há; que as famílias se abrigavam em lugares distantes umas das outras, e que para se manterem caçavam somente o necessário a matar a fome, que nas águas dos rios pescavam, se banhavam, lavavam roupas e até a bebiam, porque era a água límpida e pura, e lá mesmo às margens do rio, colocavam as roupas a secar, depois voltavam pra casa limpinhos, levando água fresca para cozinhar, os peixes e a caça do dia.

Eles também trocavam mercadorias uns com os outros, o que um tinha a mais, trocava pelo que tinha a menos, e assim todos tinham de tudo um pouco, e suficiente para viver em harmonia.

Que bom seria se assim fosse os rios que temos hoje não é mesmo?

Mas ainda pode voltar a ser, é só cada um fazer sua parte, não sujando e a natureza preservando.

Mas no momento a estória é outra, e como eu estava contando, as pessoas levavam suas vidas calmamente, se ajudando e juntos aprendendo.

Mas nesta lenda tem uma família em especial, é delas que falaremos agora, afinal, a lenda só surgiu pela experiência que essa família viveu.

Era a família de Mariana.

Mariana era uma menina que vivia com seus pais, a mamãe Maria e o papai João.

Eles moravam um pouco longe do rio, porque quando chovia e o volume do rio aumentava eles não corriam o risco de ter sua casa inundada.

Espertos eles não?

Na verdade, nem só esperteza era, era bom senso ou possibilidade de escolha.

Sabia que hoje em dia tem gente que não tem mais essa possibilidade?

Verdade é que o mundo evoluiu, a população aumentou e aí até as margens dos rios estão sendo habitadas por necessidade, e aí os que moram muito perto dos rios sofrem porque quando chove forte, a água aumenta e aí entra em suas casas, pena que nem todos podem escolher morar longe das margens dos rios, aí é preciso estar sempre atento, e ao perceber o volume de água aumentando, tomar providências para que não haja muito estrago, e se não tiver como evitar, é não desanimar, seguir em frente acreditando que tudo pode melhorar.

E por falar em chuva, é aí que começa nossa lenda, e agora até eu começo a crer ser realmente lenda parte desta estoria, mas não uma lenda qualquer, e sim uma lenda que serve para mostrar a FORÇA DA NATUREZA NA VIDA DA GENTE.

Um dia, mamãe Maria acordou e como sempre, se preparou para ir ao rio lavar roupas. Papai João também iria sair pra caçar e só Mariana ficaria em casa cuidando dos afazeres, porque ela apesar de menina, fazia o que conseguia para auxiliar a mamãe dela.

Mas não fiquem preocupadas, naquele tempo as crianças podiam ficar sós em casa, pois o único risco que corriam era de serem atacados por animais, mas como os animais viviam em seus habitat naturais e lá tinham tudo que precisavam e eram respeitados, ela não corria risco nenhum.

Papai e mamãe após fazerem a refeição matinal se foram e Mariana ficou como sempre cantarolando uma cantiga que ela mesma tinha inventado.

A cantiga era mais ou menos assim.

Coloque a melodia Se esta rua se essa rua fosse minha, e podem cantarolar também.

🎶Obrigado, obrigado meu Jesus.

Obrigado pela mãe e pelo pai.

Obrigado pelo dia e pela noite.

Obrigado por cuidar sempre de nós.🎶

Conseguiram? Bonitinha não é?

E cantarolando Mariana foi cuidando de tudo, arrumou a casa, deu comida aos animais domésticos, e estava varrendo o quintal quando sentiu uns pingos nas costas, ela então olhou pro céu e percebeu que estava começando a chover, deixou a vassoura de lado e foi correndo pra dentro de casa fechar as janelas, mal entrou e a chuva desabou, aí o céu se escureceu e a tempestade deu sinal de que seria forte.

Vocês sabem o que é uma tempestade não sabem?

É aquelas chuvas fortes com ventanias, trovões e relâmpagos. Aquelas que dão medo na gente.

Mas conta a lenda que naquele tempo a natureza era tão harmônica, que não havia sinais tão intensos, como trovões e relâmpagos, os ventos eram calmos, e mais fortes eram escassos, porque a exuberância da natureza e a forma em que todas as criaturas conviviam e se respeitavam, faziam com que as mudanças do tempo não fossem tão intensas como hoje em dia.

Com o aumento da chuva, Mariana então começou a ficar preocupada com os pais, afinal eles estariam à mercê da tempestade, seu pai na mata e sua mãe no rio.

Ela pensava que se eles não encontrassem um lugar para se abrigarem ficariam todos molhados e poderiam ficar doentes.

Ela então ficava de joelhos sobre a cadeira olhando pela vidraça, com as toalhas já preparadas para que eles pudessem se secar quando chegassem, e ia torcendo pra que chegassem logo.

Mas o tempo foi passando e nada de seus pais chegarem, a chuva então foi diminuindo até que parou, e por fim, o sol se fez presente novamente, sabe aqueles dias que o sol sai de manhã, à tarde chove e depois o sol sai novamente?

Então, foi em um dia deste que tudo aconteceu, só que Mariana estava preocupada porque o sol após a chuva estava se pondo, e seus pais ainda não deram sinal de chegarem.

Mariana então pensou, vai ver que é por causa da lama que dificulta a caminhada que eles estão demorando, e também porque tiveram de parar o que estavam fazendo quando a chuva caiu e aí tiveram de terminar depois, mas logo logo vão chegar preocupados com ela.

E não é que ela acertou?

Que menina danada!

Mal terminou de pensar assim e seu pai apareceu no fim da estrada, todo sujo de lama coitado, mas chegou, e agora só faltava sua mãe.

Papai João se lavou lá fora mesmo com a água de uma bacia que havia ficado no quintal e que se enchera com a água da chuva, Mariana lhe entregou a toalha, ele se secou enquanto perguntava. Cadê sua mãe ela já chegou?

Ainda não. Respondeu Mariana.

E com o coraçãozinho apertado pergunta ao pai.

Ela vai chegar logo não é?

E o pai responde.

Sim filha, ela deve ter parado na casa de algum vizinho para passar a chuva e já, já chega.

Vocês sabem o que é passar a chuva?

Não é como passar roupa não! Nem dá para pegar o ferro e passar ela né?

Quando ouvirem alguém dizendo que está passando chuva, quer dizer que está se abrigando em algum lugar até que a chuva pare.

Mas continuemos.

Mariana não percebeu, mas o pai estava preocupado, pois sabia que o vizinho mais próximo não ficava na direção do rio, e com a chuva forte ele tinha medo de que o rio tivesse se enchido sem que Maria tivesse tido tempo pra se abrigar em lugar seguro.

O rio não enchia sempre, só quando chovia na cabeceira, e pela força da chuva e pela direção que veio, usando a experiência que tinha, ele imaginou que essa chuva tinha vindo de longe e que o rio deveria ter subido.

E tinha também os estragos que as enxurradas causavam nas estradas, ele mesmo tinha tido dificuldades em chegar já que as estradas estavam todas escorregadias e em alguns pontos, até sem condições de se passar, imagine Maria que deveria estar trazendo a bacia com as roupas que levara a lavar? Mas sabendo que Mariana iria ficar triste se limitou a dizer que tudo estaria bem, mas no fundo não tinha certeza.

E o tempo foi passando, e nada de mamãe Maria chegar, então papai João falou a Mariana.

Olhe filha, fique aqui que eu vou ver se encontro sua mãe, e para disfarçar acrescentou, ela deve estar com dificuldades de trazer a roupa, já que a chuva deve ter molhado tudo e a bacia deve estar pesada, eu vou ao seu encontro para ajudá-la a carregar e assim ela chega mais rápido.

Mariana queria ir junto, mas seu pai sabendo que não tinha como saber o que havia acontecido, achou melhor não, e ela insistiu chorando, pois no fundo pressentia que alguma coisa tinha acontecido, mas diante da afirmativa do pai de que ela deveria ficar caso sua mãe chegasse, e ficasse preocupada com ele, e aí ela estaria ali para acalmá-la dizendo que ele já havia chegado bem, e que fora atrás dela, então Mariana concordou.

Mas as horas foram passando o sol se pondo e nada, nem mamãe nem papai, agora os dois estavam sumidos, e ela estava cada vez mais temerosa de que alguma coisa grave tivesse acontecido, o dia começa a escurecer e Mariana acende as lamparinas, ai, senta-se na soleira da porta de olhos fixo na estrada, olhando ao longe tentando ver o vulto dos pais retornando.

A noite chegou rápido e já quase não dava pra enxergar a estrada quando ela vê uma luz ao longe, era a lanterna do pai, ela corre ao encontro deles e ao chegar mais perto percebe que ele não está só, que outras pessoas o acompanham e carregam alguém em uma padiola.

O que é padiola?

Padiola é uma espécie de maca de emergência usada para transportar feridos.

Ao chegar bem perto Mariana percebe que quem está sendo carregada é sua mãe, ela está muito suja de lama e geme de dor, Mariana então corre para abraça-la mesmo na padiola, e vê que ela tem as pernas machucadas, mas logo alguém tira Mariana de cima da mãe e continuam a levá-la para dentro de casa a ser socorrida.

Ao entrarem, algumas mulheres que a acompanhavam a ajudam a se lavar e fazem curativos em suas pernas enquanto acalmam Mariana que assustada chora em um canto da casa, lhe dizendo que ainda bem não quebrou nada, e que eram só ferimentos leves.

E enquanto mamãe era cuidada por algumas mulheres, dona Mariquinha já tinha esquentado um prato de sopa que estava pronta no fogão, e trouxe para dona Maria e Mariana, que junto da mãe e chorando muito, por ela era consolada, enquanto lhe afagava os cabelos e lhe acalmava contando o que aconteceu.

Estava no rio lavando roupa quando derrepente começou a chover, ela então juntou a roupa e se escondeu embaixo de uma árvore para se proteger, pois pensara que a chuva seria rápida, mas a chuva aumentou e um clarão que veio do céu partiu o galho da árvore que caiu sobre ela prendendo suas pernas.

Vocês sabem que clarão era este não sabem?

É o relâmpago, e sempre que tiver tempestades com relâmpagos nunca devemos nos esconder em lugares que tem árvores e também não ficar dentro de piscinas, mares, campos abertos ou rio, e se tiver jogando futebol pare , espere a chuva passar e recomece, pois o relâmpago pode cair e acontecer o mesmo que aconteceu com dona Maria, ou coisa até pior, porque o raio tem carga elétrica que pode fulminar o que por ele for atingido, melhor mesmo e se não tiver lugar fechado e vocês precisarem ficar a céu aberto, procure ficar bem rente ao chão, pois os raios atingem principalmente lugares mais altos. Dona Maria não sabia disto, mas se vocês não sabiam agora sabem.

Mas vamos continuar a nossa lenda que agora vocês também estarão percebendo o porquê que não é tão lenda assim embora seja.

Mariana agora já ao lado da mãe pergunta com os olhos rasos de água.

Mamãe, porque isso acontece, porque não somos avisados que vai haver tempestade para nos protegermos?

Sua mãe não sabia o que responder e só disse que Deus sabia o que fazia, no que Mariana retrucou. Sabe nada! A senhora sabe mais que Ele, porque quando vamos a alguma lugar a senhora sempre cuida de mim, e me avisa se tem buracos para eu não cair, a senhora me manda tomar cuidado com cobras, não pegar nos insetos que não conheço e tudo isto só para me proteger, e Deus faz o que? Não avisou nada e ainda deixou a senhora se machucar.

Não dizem que Ele é nosso pai, então porque não avisa que vai ter tempestade pra gente não sair?

Dona Maria sem saber o que dizer,

novamente abraça a filha e pede para ela não falar assim de Deus, pois ele sabe do que precisamos e que quando as coisas acontecem ele está vendo e se permite é porque temos de aprender alguma coisa.

Mariana se cala, mas no fundo não se convence, ainda questiona intimamente o porquê de Deus ter deixado sua mãezinha se machucar.

Passou o tempo a mãe de Mariana ficou boa, e novamente se preparava para ir ao rio lavar roupa quando viu um clarão seguido de um grande estrondo.

Scabrum!!!

Mariana e o pai que ainda estavam tomando café se assustam e correm ao quintal pensando que alguma coisa tinha caído do céu, ou que a própria casa estava caindo, pois o barulho fez tudo estremecer e o clarão que veio antes quase os cegou.

A mãe de Mariana, que já havia saído, estava parada no meio do quintal com as mãos nos ouvidos, olhos fechados e as roupas todas espalhadas pelo quintal, num sinal de que no susto ela havia jogado tudo pro alto.

Mariana e o pai correm para junto da mãe e ajudam a recolher as roupas espalhadas pelo chão, e ainda estavam todos no quintal tentando entender o que aconteceu, quando um novo clarão se fez, mais fraco que o anterior, mas também acompanhado de outro estrondo também menor.

Assustados todos olharam para o céu e perceberam que o mesmo estava escuro e com muitas nuvens escuras, e pensando que seria o fim do mundo, correram então para dentro de casa, fecharam a porta e ficaram abraçados rezando.

Foi aí que começaram a ouvir um barulhinho no telhado, plic, ploc, pluc , e logo depois um chuaaaa!

Era a chuva caindo forte.

E os clarões e os estrondos, um atrás do outro continuaram até que foram diminuindo de intensidade e ficando cada vez mais longe, e aos poucos a chuva também foi diminuindo até que parou de vez.

Os três se olharam, abriram a porta e saíram sem entenderem o que tinha acontecido, mas aos poucos, passado o susto e olhando as marcas que a chuva deixou, a lhes lembrar a outra que haviam tido problema, começaram a entender.

Foi Mariana quem falou primeiro.

Mamãe; acho que Deus ouviu minhas reclamações e ficou bravo comigo!

Não acho minha filha, disse sua mãe, acho que ele deve ter entendido o que você disse como um pedido, e ele aceitou.

Não se culpe por as vezes sentir que alguma coisa poderia ser diferente, pois é esta forma de pensar que nos leva a criar coisas melhores, já pensou se todo mundo ficasse conformados com as coisas do jeito que são, sem questionar ou fazer alguma coisa pra mudar?

Não haveria mudanças no mundo e aí seria tudo muito monótono, sem contar que não aprenderíamos nada de novo.

Mariana ouviu a mãe, mas por dentro ainda se culpava, mesmo entendendo que foi o trovão que fez com que sua mãe e seu pai percebessem que iria chover e assim não saíram de casa.

Mariana estava se sentindo muito envergonhada e a noite antes de dormir em suas preces pediu perdão a Deus.

Mariana dormiu e sonhou, e então uma coisa mágica aconteceu, ela se viu em um lugar muito bonito, mas sem saber o que fazia lá, começou a procurar alguém que respondesse que lugar era aquele, foi aí que encontrou Deus.

É isto mesmo! A gente quando dorme pode sonhar com Deus sabia?

Verdade!

Deus é pra gente o que agente espera ou imagina Dele, e se estamos triste ou preocupados com alguma coisa, as vezes sonhamos com estas coisas, vocês já não sonharam fazendo lição ou estudando quando vão pra cama preocupados com a prova do dia seguinte?

Mariana estava triste por achar que magoou Deus, então foi com Deus que ela sonhou, e no sonho Deus falou com ela.

Mariana! Não precisa ficar assim, você não fez nada de errado. No outro dia você perguntou o porquê de eu não ter avisado sobre a tempestade, mas agora vou te explicar o porquê e você vai entender.

Pense comigo, se todas as vezes que os seres humanos quiserem uma coisa Eu der, eles nunca iriam crescer, e ficariam na inércia o tempo todo, só recebendo o que eu lhes der sem julgar se precisam ou merecem, e aí não haveria o crescimento necessário.

Como este mundo ainda é criança por estar em seu início e sempre se renovando, eu quero que ele cresça junto com todos os seres, mas para isto acontecer é preciso que vocês sintam necessidades de mudanças, e assim irão valorizar as coisas que lhes serão dadas.

Sabe Mariana, Eu sei de tudo o que vocês precisam, mas se Eu for dando sem pedirem, vocês podem até não aceitar como algo bom, e deixar se perder por não saber como usar ou o que fazer. Seria como dar uma faca a um bebê, ele não saberia em que usar e nem o que fazer, e poderia se ferir gravemente tentando descobrir.

No dia que você se revoltou e questionou sobre como saber se iria chover, Eu entendi que vocês já estavam prontos a perceber o que é bom ou ruim e aí resolvi te mostrar que cuido sim de meus filhos com carinho, mas também com energia, pois só assim vocês darão valor ao que receberem.

Se Eu tivesse mandado o aviso de tempestade sem que desejasse, você nunca iria sentir dentro de você a coragem de me questionar, iria somente me adorar, e me questionando você mostra que realmente é minha filha, pois filhos não devem temer os pais ou idolatra-lo, mas respeita-los e perguntar o que não sabem para aprenderem, e isto você fez

Mas olha, vou te contar um segredo, naquele dia eu não quis ferir sua mãe não, e aquela árvore que ela se abrigou era a menos perigosa do lugar, ela queria ficar em outro lugar, atrás de uma pedra, ela não viu, mas a pedra rolou e se ela ali embaixo estivesse, teria se ferido muito mais gravemente, só que eu a intui a ir para debaixo daquela árvore, pois sabia que ali no máximo teria alguns arranhões.

Você cresceu Mariana, e foi o seu crescimento que tornou possível que os sinais da natureza se fizessem.

Mariana ficou calada, mas pensava consigo mesma e intimamente questionava como será que Deus faz o relâmpago, o trovão e a chuva.

Como seria feito essas coisas?

E Deus que tudo sabe e tudo vê, até nossos pensamentos, lhe explicou, e após explicar lhe disse.

Agora vai passear por aí que daqui a pouco você vai acordar e ainda tem muita coisa pra você sentir falta e descobrir com o tempo, mas nunca se esqueça que tudo que está no mundo é do jeito que tem de ser, e tome muito cuidado para não estragar o que já está pronto para ser usado, cuide do que você sabe lhe ser útil e agradável, porque tem coisas que sendo destruída destrói até as possibilidades de que outras sejam criadas.

E assim foi que Mariana acordou, envolvida em todas aquelas informações, e logo que abriu os olhos, se lembrou do sonho e entendeu que sempre que precisar de alguma coisa deverá pedir, e se não souber, deverá perguntar, pode ser para mamãe, para o papai, a professora, professor, titia, titio, vovó, vovô, não importa.

Ela entendeu que só não pode é ficar acomodado no mundo reclamando, e sem fazer nada para mudá-lo, porque como Deus lhe disse, vamos tomar cuidado pra não estragar o que Deus já nos deu.

E para isto basta cuidarmos da natureza e não deixar que nada a estrague, porque se a natureza for destruída, muita coisa também será.

E quando a chuva chegar, não precisa se assustar, é só lembrar que ela não nos causará mal se dela nos protegermos.

Legal né? Gostaram da estória?

Ei! Mas e os relâmpagos e trovões? Não são eles o motivo principal desta lenda estória?

Claro! Como pude me esquecer do assunto principal desta lenda que agora sabemos não ser assim tão lenda, mas sim um fenômeno natural como veremos agora!

O relâmpago, aquele clarão que acontece às vezes quando chove, só acontece quando são tempestades, mas assim como aquela primeira que aconteceu no início da estória com a família de Mariana, há tempestades sem ventanias trovões e relâmpagos, e na verdade são apenas chuvas fortes, mas que podem sim causar enchentes, desmoronamentos, e muitos outros danos como foi no caso da mãe de Mariana.

Já as tempestade de verdade são as que são acompanhadas de rajadas de ventos fortes, raios e trovões e às vezes até de granizos, aquelas chuvas de pedras de gelo.

Simplificando, isso acontece quando muitas nuvens se formam e se encontram uma com as outras e se trombam, entende? Aí, com o choque de uma na outra, acontece uma descarga elétrica que são os raios que vemos, e o trovão é só o barulhos desta trombada! Já os granizos, sãos as águas que evaporam dos rios e mares e chegam as nuvens, se a temperatura lá dentro da nuvem estiver muito baixa, essa água congela e aí a nuvem fica pesada

E a água congelada cai em forma de gelo

Viu que simples? Mas não se preocupem, quem ainda não aprendeu, irá aprender com o tempo na escola.

Então de hoje em diante já sabemos que o trovão não causa mal algum, só assusta, e que perigoso mesmo é o relâmpago, pois ele é feito de eletricidade e pode sim até matar.

Mas como o mundo da lenda não mais existe, e se existiu todos que lá viviam cresceram, e como nós também já somos crianças crescidas , e que já conseguem entender algumas coisas, não tem o porquê de o temermos, é só nos proteger e esperar a tempestade passar.

E não se esqueçam de fazer como a Mariana que através de sua estória, nos mostrou que nem tudo é sobrenatural ou inexplicável no universo, e que entre lendas e realidade, se aprende o verdadeiro sentido da vida.

E espalhem a todos os amiguinhos que vocês sabem que ainda tem medo do trovão, que ele não faz mal nenhum, e assim vocês estarão ajudando outras crianças a crescerem assim como Mariana nos ajudou.

Ah! Um segredo meu.

Quando eu era criança eu também tinha medo da chuva viu? E quer saber mais? Dependendo da intensidade até hoje ainda tenho. Mas isso é e normal.

Poetisa do tempo poetizando
Enviado por Poetisa do tempo poetizando em 10/11/2021
Reeditado em 10/09/2023
Código do texto: T7382764
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