O oleiro e o poeta
(...de um conto de Malba Tahan)
Extremamente bem dotados, e vaidosos, ambos, o oleiro e o poeta. Um belo dia, ocupado com sua maestria, o oleiro ouviu, em seu ateliê, o estalar de uma pedra contra um vaso seu. Pensou no pior. E não deu outra, estilhaçado estava sua obra-prima que secava ao sol...e chegou a tempo de ouvir o galhofar do poeta, gabando-se de sua certeira pontaria.
O oleiro correu ao juiz e fez a grave denúncia. Chamado a prestar esclarecimentos, o poeta foi presto, sustentando que o denunciante deturpara um poema seu, por três vezes sucessivas, declamando-o de forma incorreta, a despeito de seus ingentes e pacientes esforços de correção.
Impassível, agora na presença de acusador e acusado, o cádi - juiz - proferiu sua sentença: o oleiro faria um novo vaso do mais fino lavor e o poeta comporia um poema que seria estampado na dita obra. E ambos, juntos, cuidariam de colocá-la no mercado.
Sucesso absoluto, e ambos os artistas passaram a trabalhar e a enriquecer juntos.