A toupeira peidorreira
Era uma vez uma linda cidade
No interior do nosso país.
Pequena, pacata e muito bem cuidada
Um lugar realmente feliz.
Em seu subsolo, morava uma pequena toupeira
Os moradores cuidavam dela com carinho.
Claudinha era o seu nome
Recebia muito amor esse bichinho.
Até que um dia tudo começou
Aconteceu algo incomum.
Sem qualquer motivo aparente
Claudinha começou a soltar pum.
E uma coisa vou lhes contar
Não importava o que ela comia.
Era peido para todos os lados
Coitada, como ela sofria.
Os moradores tentaram ser solidários
Mas já tinha gente incomodada.
Afinal era difícil até para dormir
Pois era um pum a cada escavada.
Com os puns se repetindo
As casas abaladas foram ficando.
Afinal, como manter-se de pé
Se no subsolo tem uma toupeira peidando.
Até que um dia Claudinha passou dos limites
Ela soltou um pum muito forte.
Parecia uma rajada supersônica
Escutou-se do sul até o norte.
Virou um abalo sísmico
Fez um barulho danado.
Um verdadeiro terremoto
Cada morador ficou desesperado.
Nesse instante, bem exaltado
O prefeito resolveu agir.
Gritou bem alto com a toupeira
Pare de peidar, nossas casas vão cair.
Claudinha ficou muito assustada
Pois aquilo para ela também era novidade.
Mas o prefeito foi rígido
Saia agora da nossa cidade.
Ela então muito nervosa
Para dentro da terra se enfiou.
Cavou cada vez mais fundo
E para trás não olhou.
E foi escavando, escavando, escavando
Até que em umas coisas ela esbarrou.
Enxergar não era seu forte
E de imediato não identificou.
Pelo toque pareciam ossos.
Deu uma boa respirada e pensou.
Ossos aqui tão fundo?
Será que foi um cachorro quem colocou?
Resolveu consultar seu compadre, o tatu
Bicho inteligente e esperto.
Para descobrir esse mistério
Com certeza era o cara certo.
O tatu aceitou o convite
Mesmo sem saber se seria capaz.
Claudinha entrou no buraco e foi na frente
O tatu foi logo atrás.
A toupeira cavava e peidava
O tatu foi ficando irritado.
Comadre, pare de soltar esses puns
Você está me deixando asfixiado.
Chegando ao local o tatu matou a charada
Ela encontrara um bicho fossilizado.
Claudinha não entendeu
Ele explicou: esse aí ficou preservado.
O que você encontrou não são ossos
Na verdade, fósseis eles são.
Frutos de um processo natural
Que se chama fossilização.
Exigindo condições especiais para acontecer
É algo bem bacana.
Partes duras no corpo é uma delas
Uma outra é não ter atividade microbiana.
Era uma espécie nova, ninguém conhecia
Mas certamente um dinossauro.
Pelo tamanho da ossada o tatu sabia
Que era um titanossauro.
A descoberta deixou o tatu muito feliz
Era algo para se comemorar.
Ele então chamou os esquilos
Para a bicharada avisar.
Os esquilos, muito rápidos, saíram correndo
E espalharam a notícia rapidamente.
Os bichos todos ficaram sabendo
Nenhum deles ficou ausente.
E resolveram comemorar muito
A festa durou a noite inteira.
Ninguém queria deixar
De parabenizar a toupeira.
Alguém acabou dizendo
Que uma coisa precisava acontecer.
Tinham que avisar aos moradores da cidade
Essa novidade eles precisam saber.
O macaco pediu a palavra
E fez um discurso com emoção.
Eles nos chamam de irracionais
Agora mudarão a sua opinião.
Uma carta para o prefeito foi entregue
Relatando a grande descoberta.
Ele ficou muito surpreso
A população, boquiaberta.
A princípio todos ficaram tristes
Pois a toupeira haviam expulsado.
O prefeito quis consertar esse erro
Deixar isso no passado.
Ele então conclamou os moradores
Para juntos a toupeira homenagear.
Agradecer pela descoberta
Para o erro reparar.
Especialistas foram chamados
E o dinossauro foi identificado.
De Peidossaurus toupeirensis
Ele foi batizado.
Muita justa a homenagem
Claudinha toda prosa ficou.
Os puns, como vieram, desapareceram.
Essa ninguém explicou.
A cidade passou a ser um centro turístico
De diferentes lugares pessoas chegavam.
Era um grande sítio paleontológico
Visitantes não faltavam.
E a toupeira garantiu o seu lugar na história
Com ela ninguém mais implicou.
Afinal, o que são alguns puns
Para quem a Paleontologia revolucionou.