A ABELHINHA ABÉLINHA

Abélinha ainda era um bebê abelha quando, sem avisar a sua mãe-abelhinha, resolveu voar sozinha.

Então, numa madrugada de verão, olhou para o céu colorido e sonhou zunir na sacada de flores do vizinho, logo ali tão pertinho, para olhar a festa do que já parecia primavera.

Queria salvar o mundo porque ouviu dizer que sem as abelhas toda a Terra morre.

Sempre que via suas irmãzinhas voltarem empanturradas de néctar, naquele zum-zum-zum tão festivo, sonhava com uma nova primavera da Terra.

Soube também que as caldas de mel e própolis, alimentos que sua família produzia na colmeia, eram feitas com o néctar que elas tiravam das flores e diziam que curava muitas doenças dos Homens.

"Seria possível curar todas elas?"-pensou com ela mesma.

Quem sabe seria verdade?

Assim, partiu para a jornada heroica para aprender sozinha sobre o mundo.

Lembrou que sua mãe abelhinha dizia que tudo tinha sua hora e era preciso cuidado com passeios na terra dos Homens.

Ensaiou o seu primeiro voo.

Testou as asinhas...um...dois...três...e logo lá estava ela lá em cima, zunindo no jardim do vizinho.

Parecia fácil.

Só que Abélinha não sabia que havia um obstáculo transparente chamado vidro, algo que isolava as flores.

Mirando sua florzinha escolhida, que mal se enxergava no meio dum matinho do vaso, Abélinha bateu num vidro, perdeu o equilíbrio e caiu no chão.

O vizinho ouviu seu grito na janela, já em fraco zum-zum-zum e correu para salvá-la.

Parecia muito machucada.

Com cuidado, o Homem lhe deu um suporte em galho e a colocou na terra.

Abélinha sentiu-se abatida, tonta, sem energia, sem fôlego.

"senhor vizinho, o senhor teria um colherzinha de mel para me salvar?" perguntou Abélinha.

O vizinho, encantado com a ideia do remédio milagroso que já conhecia, cedeu uma gota dele à Abélinha.

Em segundos, Abélinha sugou o mel e se sentiu com muita energia.

Sentiu-se curada e agradecida.

"Era verdade, as abelhas salvam o mundo!" deduziu a abelhinha Abélinha toda feliz.

Assim, mexeu as asas, limpou seu aparelho sugador, ficou em pé, tomou folego, beijou o néctar duma margaridinha amarela brotada dum joio da terra e alçou voo pela vida.

Aprendeu a polinizar e a fazer mel...com maestria.

Dizem que desde aquele dia...Abélinha nunca mais parou de voar com seus olhinhos bem abertos para tentar salvar o mundo.

Nota da autora: baseado em fatos reais.