A DOR DA FORMIGA

De longe se ouvia um gemido, era tão forte que tudo estremecia.

Todos que ouviram correram para ver, pois, na vida, nunca tinham ouvido coisa igual.

Quanto mais perto chegavam, o gemido se alongava. O povo, curioso, corria para saber em que canto aquele gemido nascera e quem era a vítima de tanto sofrer.

Sem que fosse notado, um menino, todo sujo e danado, chegou na frente e descobriu a vítima do gemer, pegou em suas mãozinhas a coitadinha e a acalentava, para ela não morrer.

Correndo muito, todos chegaram ao local e se assustaram. Sem entenderem, foram se afastando e xingando o menino; ele com uma mão livre e a outra semifechada, fez de tudo e a protegeu, dando carinho.

Com a mãozinha entreaberta, segurando-a e protegendo-a, chorava pela dor da coitadinha.

Sem se preocuparem com a dor do bom menino, ordenaram que ele abrisse a mãozinha; e ele, com medo, a abriu bem devagar. Quando viram quem gemia, decepcionados, todos queriam voltar.

Se tratava de uma formiguinha aventureira,

Que uma outra por ciúme foi brigar.

Ela indefesa e desprotegida,

tombou e seu dedinho foi quebrar.

O menino triste, olhou para todos,

E tremendo, começou a falar,

Tenham pena dessa pobre desprezada,

Que, como vocês, outras viram e fugiram pra não ajudar.

Todos pararam ao ouvirem o menino,

e se juntaram a ele,

para a formiga ajudar.

No meio deles tinha um ortopedista, aposentado;

com piedade, a mão da formiga,

ele colocou no lugar. Operou ali mesmo a coitadinha e hoje ela voltou a andar.

Bem cuidada pelo menino, hoje, vive feliz

E, com ele, ela passou a morar.

José Maria
Enviado por José Maria em 09/03/2021
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