O PAÍS DOS ELFOS -- TERCEIRA PARTE
O PAÍS DOS ELFOS XIV
(TERCEIRA PARTE DE QUATRO)
O Troll não era malvado, realmente
e no geral, a crianças não caçava,
só algum arteiro que se aventurava
pelas cavernas de sua moradia
e que de fome ali dentro morreria...
suas galinhas dúzias de ovos suficiente.
As suas ovelhas bom leite lhe dariam
e ainda caçava pelas matas animais,
em que humanos não havia naturais
e sua mulher tinha horta e bom pomar,
dando verduras de bom paladar;
e geralmente, em paz eles viviam...
Havia escadas ao redor do caldeirão
e chegaram até a borda as garotinhas;
logo os meninos viram suas carinhas:
“Chegaram fadas para nos salvar!”
“Para escaparmos daqui vão ajudar?”
Mas as trollzinhas não disseram sim, nem não!
“São doze como nós,” disse o mais velho.
“Se nos salvarem, iremos nos casar!
No castelo de nosso pai há bom lugar,
Tornar-se-ão doze damas da nobreza,
admiradas por toda a sua beleza!
Vocês nunca se olharam num espelho?...”
O PAÍS DOS ELFOS XV
As trollzinhas, então, não se animaram
a encher de água o grande caldeirão,
muito bonitos achando na ocasião
os doze barõezinhos prisioneiros...
“Era melhor serem nossos companheiros!”
E com o seu pai Troll então falaram.
“Papai, nós quase não temos brinquedos,
esses doze podem ser nossos bonecos!
Nós só temos ossinhos e outros trecos!
Deixe, Papai, deixe a gente só brincar!”
Sua cara feia começaram a beijar:
dos pais meninas conhecem os segredos!
Desta forma, o Troll velho concordou:
Ora, em seguida vão deles se cansar,
enquanto isso, irão todos engordar
e a refeição vai ser mais deliciosa...
Vou buscar de meus marrecos uma grosa
e amanhã se come o que sobrou!
Então as meninas jogaram uma corda:
“Venham todos para a grande brincadeira!”
A oferta foi aceita, bem ligeira:
“Número Um, pegue a corda de uma vez!”
“Só vou subir depois de ver todos vocês
Em segurança. Vai, Doze, vê se acorda!...”
O PAÍS DOS ELFOS XVI
E assim o Número Doze começou
a subir pela corda, atrapalhado;
as meninas puxaram, mas sem resultado
e a mais velha disse: “Vai ser diferente:
quem vai descer até aí será a gente,
existe um tubo que o Papai instalou...”
“Para escoar toda a água servida;
sei muito bem o lugar em que ele está!”
As trollzinhas desceram até lá
e cada uma abraçou um barãozinho:
“Tu és o meu, aceita bem quietinho!”
Recusa alguma lhes foi oferecida!
A mais velha chegou até um cantinho
e apertou a parede da panela:
uma passagem logo abriu-se nela,
mostrando um tubo longo e apertado;
cada casal entrou, bem abraçado,
vendo uma luz brilhando no finzinho...
Isso era bom, que degraus ali não havia
e a passagem era bem escorregadia,
mas pouco a pouco toda a companhia
ao ar livre foi chegando, enfim;
contudo um lago apareceu, assim:
o vertedouro para o qual água escorria!
O PAÍS DOS ELFOS XVII
“Vai ser preciso atravessar o lago...”
com desânimo disseram as meninas.
“Nós não sabemos nadar! Que tristes sinas!
Será que, enfim, teremos de voltar...?”
“Não, nós doze sabemos bem nadar,
em nossas costas as levamos com afago...”
Depressa o vertedouro atravessavam
e então chegaram a planície verdejante.
“Onde fica o seu castelo tão brilhante?”
“Fica bem longe,” respondeu Número Um,
o qual não tinha conhecimento algum
do lugar em que agora se encontravam...
“Aqui é o País dos Elfos,” falou certa menina.
os barõezinho logo se arrepiaram,
assustados com as coisas que escutaram
ou que nos livros da biblioteca leram:
“Dizem que os Elfos também gente comeram...”
“Eu nunca ouvi dizer. São gente fina.”
“A não ser que os ofendam visitantes,
mas mesmo assim, são só vegetarianos,
contudo podem causar-nos graves danos,
melhor mesmo é ter cuidado por aqui...”
“Mas nenhum elfo, por enquanto, eu vi...”
falaram barõezinhos, hesitantes...
O PAÍS DOS ELFOS XVIII
Além do lago havia montanha de cristal.
“Nós não podemos com sandálias escalar...”
disseram as meninas, de novo a resultar
que os barõezinhos às costas as levaram,
até que, exaustos, no cume eles chegaram,
as meninas sem sofrer o menor mal...
e enquanto os meninos se deitavam,
elas olhavam o lindo panorama,
o vale inteiro coberto de uma rama
de regatos, que cintilavam como vinho
e as flores se espalhavam no caminho,
em variedade de cores que encantavam...
Os pássaros que cruzavam pelos ares
tinham asas de nuances variegadas,
com reflexos metálicos, douradas...
e nos ribeiros havia peixes de prata,
outros de ouro, com beleza grata,
nunca pensaram existisse um tal lugar!...
“Tudo isso é muito lindo,” disse Oito,
“porém estou sentindo muita fome,
desde ontem que a gente nada come...”
“E nós também...” disseram as meninas.
“Vocês iriam encher as nosas tinas,
com ensopado misturado com biscoito...”
O PAÍS DOS ELFOS XIX
Os barõezinhos as olharam atravessado,
mas as trollzinhas soltaram gargalhadas.
“Não comeremos vocês!” entre risadas,
elas disseram e todas deram beijos
nas faces dos meninos sem mais pejos,
“Logo depois de nos terem carregado!?...”
Um pouco adiante, havia uma floresta
e como nem viva alma se encontrava,
logo a turma o campo atravessava
e descobriram que, de fato, era um pomar,
mas de macieiras imensas, a ostentar
maçãs gigantes para uma linda festa!
As árvores eram fortes e altaneiras
e as maçãs pareciam saborosas,
redondinhas, encarnadas, deliciosas!
“Basta uma delas para todos nós!...”
Em contrário, ouviu-se só uma voz:
“Mas não são dos elfos as macieiras...?”
“Ora, uma só não irão negar!”
disse Número Um e começou a trepar
pelo tronco e, com esforço, destacar
bela maçã, vermelha e amarela,
apesar de seu tamanho, muito bela,
que a seguir no solo foi jogar.
O PAÍS DOS ELFOS XX
Mas no momento em que tocou no chão,
a maçã se abriu pela metade,
uma figurinha a encará-los com maldade,
a reclamar de seu atrevimento,
“Por que minha casa derrubou neste momento,
quer agora atacar-me, seu ladrão?”
Os barõezinhos correram assustados:
“Esse é um Elfo!’ – ou acharam que ele fosse,
mesmo pequeno e de aspecto bem doce.
A sua raiva até um pouco divertida,
mas somente após longa corrida
pararam os doze, muito envergonhados!
“As meninas! Ficaram para trás!”
E embora sentissem ainda medo,
Número Um os fez retornar cedo
e encontraram as trollzinhas desmaiadas,
junto da fruta, no capim deitadas...
“E agora, o que é que a gente faz...?”
“Vamos embora. Elas estão só encantadas.
Cada um pegue a sua sem demora,
aquele elfo já se foi, faz mais de hora,
mas é melhor não ficarmos por aqui...”
“E se em cada fruta pendurada ali,
outros elfos têm as suas moradas?”