O avô e suas nuvens mágicas
Cedinho da manhã, com o cantar do galo, o avô levantava, ia ao galinheiro, abria a porta, enxotava as galinhas, colocava milho e pegava os ovos nos ninhos. Um desses ovos era da galinha chamada Branquinha, que fora batizada pela menina. Podia até não ser, mas o avô dizia para a neta que era, para que se sentisse feliz com sua galinha poedeira de estimação. Era impossível que uma galinha apenas, botasse ovo todo santo dia, mas para a imaginação da criança tão menina e ingênua, era certo que sim, uma galinha saída das histórias mágicas que o avô contava.
Os ovos eram cuidadosamente trazidos para a cozinha, limpos e ficavam em cima da mesa esperando a hora de serem cozidos, enquanto o avô passava o café. Se ainda não fervia a água para o café, ele batia ovo num prato de ágata, separada as claras da gema, para fazer gemada com açúcar
Gemada era a receita preferida da menina.
As claras batidas freneticamente logo ganhavam volume e se transformavam em nuvens.
A menina franzina achava mágico ver um ovo só virar nuvens adocicadas.
A menina crescia comendo nuvens, fosse à hora do café, ou no lanche da tarde. Nuvens batidas pelo avô, com muita açúcar em torrões. O ovo da galinha poedeira, batido com carinho pelo avô se transformava em doces nuvens, e por magia nelas, a menina voava.
Doce era a infância como nuvens espumadas!
Paula Belmino