Campeonato no céu
Um dia lá no céu
Deus teve uma ideia legal
Fazer um campeonato
Para o mundo animal
Dessa vez só as aves
Poderiam participar
Em várias categorias
Desde as do solo até as do ar
Somente machos se inscreveriam
Pássaros canoros ou elegantes
Cada qual mostrando sua arte
Ou algum talento bem importante
Para a festa veio o peru
Concorrendo com o galo e o pavão
Com sua gravata bem vermelhinha
E sua cara de bonachão.
A galinha já comentava:
“O galo será o campeão
O peru é muito empolado
e é exagerado esse tal de pavão!”
Na ala dos cantores
O chilrear do curió
Fez o canarinho pensar
Que o sabiá lhe dava dó.
Mas a torcida feminina
Era coisa muito séria
Dona canária bem dedicada
Estava quase ficando histérica.
Mas não seria moleza
O júri estava afiado
Querubins alados notavam
Cada detalhe preparado.
Depois do desfile das aves do chão
Houve uma grande revoada
A ave que voasse mais bela
Haveria de ser premiada.
Do albatroz à gaivota
Asas bem grandes no céu batendo
Da jacutinga tenho saudade
Voos bem leves por sobre o vento.
Cada categoria passava agora
Por uma grande seleção
Aves do céu e aves do solo
Não estavam brincando não.
Arara, tucano e beija-flor
Na categoria dos mais belos.
Águias, gaviões e corujas
As de rapina travavam um duelo.
Do primeiro grupo foi eleito o pavão
Para desconforto da galinha
Pois o galo era o favorito dela
E o peru nem chance tinha.
Quanto aos cantores canarinho, sabiá e curió
Difícil mesmo foi escolher
Mas pelos melismas muito bem feitos
Canarinho teve mesmo que vencer.
Na categoria de voo bonito
Levou a melhor a Jacutinga
Albatroz e Gaivota gritaram: “Marmelada!
Só ganhou porque está quase extinta.”
Apesar das cores vivas
Arara e Tucano foram desclassificados
Pois a sutileza do beija-flor
Deixou a todos encantados.
Águias, gaviões e corujas
Desistiram da competição
Pensaram que não tinham chance
Com as outras aves não.
Além do mais uma nova etapa
Muito mais exigente,
Reunirá os classificados
E escolherá novamente.
Dentre os selecionados
Pavão, Canarinho, Jacutinga e Beija-flor
Será escolhido aquele
Que melhor simbolize o amor.
O Pavão foi logo dizendo
Com sua cara de espantado
Melhor símbolo sou eu
Que de tão lindo pareço encantado.
O Canarinho nada modesto
Cantarolou seu argumento
“O amor tem minha cara
E nem preciso de instrumento”
A Jacutinga por sua vez
Até que argumentou bem:
“Estou quase extinta
Feito o amor que já não se tem”
Mas lindo mesmo foi o Beija-Flor
Que disse bem humorado:
“Símbolo do amor sou eu,
Pois Deus já me fez coração alado.”
E todos nesse dia souberam
Que o beija-flor é todo coração
Melhor símbolo não haveria
Para ao amor fazer menção.
E Deus, sábio que é
Tratou logo de dizer:
Não ganhou por ser mais belo
Mas ganhou por merecer
Não adianta ser imponente
Nem ter asas grandes para voar
Basta ser todo amor
Com um coração bom para amar.
Nessa grande competição
Quem mais se deu bem
Foi o beija-flor pequenino
Símbolo do amor e querer-bem.