Era uma vez uma bruxa que morava numa casa que ficava numa asa de borboleta gigante, ao menos, parecia.
Era uma moradia simples, mas era aterrorizante por causa da quantidade de morcegos e aranhas que viviam escalando as paredes.
Todas as vezes que ela queria entrar, usava um botão de coração que ficava bem na porta. Quem conseguia enxergar o botão, não era sortudo não. Porque lá dentro tinha um vão. E ninguém sabia o que era.
Todos os dias ela saia no mesmo horário, carregando sua cesta. Não usava vassouras, mas sim, um patins feito com pernas de aranha e customizado com glitter e baba de cachorro.
Certo dia, quando ela saiu, os meninos que estavam passando pela rua, indo comprar o lanche da escola, no supermercado, curiosos, resolveram entrar no quintal da bruxa para ver como era a sua casa e porque os adultos tinham tanto medo.
Um dos meninos que se chamava Diego, estava bastante nervoso porque sua mãe havia lhe contado histórias muito terríveis sobre a bruxa, que roubava crianças e colocava em sua cesta. Outro menino, o Matheus era o corajoso e disse:
- Você já tem 10 anos. Para de ter medo. São só histórias de mentira. Não existe bruxa. Deve ser apenas uma casa que não foi reformada há muitos anos.
Assim, Matheus, se achando o caçador de bruxas, pegou um galho grande e foi pra sua jornada. A janela estava aberta, logo, resolveu entrar. Quando ele pulou, um papagaio falante começou a gritar:
- Intruso, intruso, intrusivo.
O menino desesperado correu para a gaiola onde estava o papagaio e tentou fazê-lo calar o bico, mas a bruxa abriu a porta e disse:
- Sinto cheiro de crianças. Temos intrusos por aqui, meu querido Zeus?
O papagaio gritava: 
- Está aqui. Está aqui...
Então a bruxa entrou no quarto e deu de cara com o menino:
- Te achei! Agora me diz uma coisa menino, qual seu nome? O que fazes aqui, seu ladrãozinho?
O menino respondeu, gaguejando:
- Ma ma ma ma ma te te te te us!
A bruxa disse:
- Nosso último intruso veio ainda na década de 70. Fui eu quem escolhi o castigo.  Agora é sua vez.
Esfregando suas asas uma na outra, disse o papagaio:
- Hoje vou a uma festa. E não estou encontrando nenhuma roupa para mim. Esse será seu castigo. Vai confeccionar uma roupa do meu tamanho e vir fazer a limpeza da casa exatamente as 18 horas e 1 minuto, todos os dias.
O menino não sabia costurar e ficou apavorado em ter que voltar novamente naquela casa. Então suplicou:
- Por favor, senhora bruxa. Eu só queria conhecer a sua casa e saber se você roubava crianças, como a mãe do Diogo disse.
A bruxa deu uma gargalhada e foi até a dispensa trazendo a sua cesta:
- De onde a mãe desse menino insolente tirou isso? Na minha cesta carrego apenas produtos que não me deixam envelhecer, manipuladas em farmácias.
O menino respirou profundamente e pediu desculpas:
- Desculpe senhora bruxa, mas não foi isso que disseram para nós e tínhamos muito medo de você nos carregar, por isso tive coragem de vir tirar a limpo essa história.
- Ah garotinho, não se preocupe. Eu não costumo comer criancinhas, mas... Prendê-las para fazer o serviço doméstico, sim.
- O menino saiu correndo, mas antes de pular a janela pegou um frasco do antídoto da bruxa e colocou na cintura.
Quando chegou em casa, deu o creme para sua mãe e fingiu que nada tinha acontecido.
Na manhã seguinte, a bruxa bateu na porta da casa da mãe do menino:
- Vim para receber o produto que seu filho roubou de minha casa. são 200 reais e mais a fechadura da janela que quebrou.
A mãe do menino nervosa, abriu a porta e foi saber mais sobre o assunto e pagar a dívida do filho.
Quando Matheus chegou da escola, disse a mãe:
-Bonito, hein! Que bonito. Entrando na casa de estranhos e roubando produtos?
- Não, mãe. A senhora não entendeu. É que a bruxa...
- Que bruxa? Quem falou que aquela moça é uma bruxa. De onde tirou isso. Só porque ela usa vestidos pretos e chapéu, gosta de gatos e corvos, mora do lado do cemitério onde tem muitos animais peçonhentos ela precisasse bruxa? Não. Que bobagem, meu filho. Ela só é diferente. 
- Mas e o patins feito de perna de aranha?
- É uma brincadeira! Você acreditou nisso?
Então a mãe explicou sobre respeitar as diferenças, não julgar os outros e deu um castigo para o menino:
- De hoje em diante, fará todos os serviços domésticos até o dia das bruxas. Sem reclamar.
- Nas mãe, faltam dois meses...
- Prefere fazer na casa da bruxa? Coitada da moça, só por diferente e arrumar um estilo próprio com os patins, de fazer entregas da farmácia virou bruxa!
O menino aprendeu a lição: nunca mais passou na frente da casa da bruxa, não falou mais mal dela, não entrou em casa sem ser convidado, passou a ouvir os pais, a respeitar as pessoas e regras e nunca mais contou mentiras.

 
Mônica Cordeiro
Enviado por Mônica Cordeiro em 05/09/2020
Reeditado em 06/09/2020
Código do texto: T7055742
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