Crescendo com as galinhas

As galinhas àquela época já não falavam, e embora não mais que cacarejassem, nos ouviam, e ao que parece nos entendiam. Tinham nomes, todas elas. Um ou outro pintinho poderia adquiri-lo, geralmente em conformidade com sua plumagem. O galo, quase sempre sem rival, era simplesmente o senhor do terreiro e não carecia o nominato para se distinguir.

Assim, havia a Rupiada, a Rabo-Torto, a Pedrês, a Carijó, a Tupituda, a Índia e até a Urubatão, que se trazia algum traço do brilhante jogador da Portuguesa Santista, estava mais mesmo era acorde com a nero-plumagem dos abutres.

Conosco elas viveram por uns poucos anos, e nos marcaram pelos hábitos, pelas suas individualidades, sendo paulatinamente sucedidas por outras, contudo já menos ouvintes, menos distintas. E fomos assim nos apartando, com pouco a lembrança delas já não iam além das calças pega-frangas...

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 06/07/2020
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