O cupim e a jacarandá
Um cupim, muito especial, vivia feliz com sua família em uma madeireira. Um dia descobriu que tinha asas e poderia voar. Foi uma festa. Voava pra lá e pra cá.
Porém, num dia tudo mudou. Um vento forte lhe arrastou para longe. Ele acordou ao pé de uma enorme e velha jacarandá.
Os cupins e as árvores nunca conversam, pois as árvores sabem que os cupins podem lhe fazer mal.
Mas, esse cupim era especial. Diferente dos outros, resolveu conversar. Disse que sua história iria contar. Falou da alegria em descobrir suas asas até o dia que o vento levou para cá.
A jacarandá escutou com atenção. Diferente das outras árvores, resolveu falar. Disse nunca ter visto um cupim chorar. Foi então que falou que nela poderia morar. O cupim, sem acreditar, alertou:
- Mas, posso te derrubar!
A jacarandá falou que há anos vivia sozinha. Não tinha família ou amigos. Sentia falta com quem conversar.
- Do que adianta ver uma linda paisagem e não ter para quem contar é? Uma maldição que não dá para aguentar.
O cupim fez o que todo cupim faz. Arrumou sua casa para morar. Porém, diferente dos outros, contava de seus passeios e tudo que via ao voar.
A jacarandá quase cega ficava a imaginar...
Um dia aconteceu o que já era de se esperar.
A jacarandá caiu. Eram muitos vazios dentro de seu oco tronco.
Ela, em suas últimas palavras, disse:
- Meu amigo cupim, esses anos juntos preencheram toda a minha vida. Vou-me com alegria. E, voe para sempre em sua vida.