MARIA E A BONECA DE CACHINHOS DOURADOS

No seu aniversário de seis anos Maria ganhou dos pais um presente inesquecível.

Uma linda boneca de cachinhos dourados.

Maria mal podia acredita que agora tinha nos seus braços o presente mais esperado de todos. Seu sonho dourado. Anabel passou a ser sua boneca preferida. Maria realmente amava aquela boneca.

Para onde Maria ia, Anabel ia junto. Nas viagens, na pracinha do condomínio, na casa das primas. Eram companheiras inseparáveis. Porém, um dia aconteceu algo inesperado. Maria estava brincando nos balanços da pracinha do seu prédio quando desabou um temporal com raios e trovões.

E Maria morria de medo de tempestades.

A babá puxou a garotinha pela mão e ambas entraram no prédio, apavoradas com a violência da chuva que desabava. Mas só quando estava na segurança e do calor da sua casa, Maria se deu conta que a babá não tinha pego Anabel do banco da pracinha.

Maria se desesperou. Chorou e sapateou. Mas a chuva estava muito forte para descer. Quando finalmente a chuva amainou, uma hora depois, a babá e Maria foram correndo até a pracinha.

Anabel não estava mais lá.

Ansiosa, Maria procurou por todos os cantos, mas nada da boneca. Desalentada, a garota voltou para casa, triste e chorosa. Não quis jantar e seu sono foi interrompido por sonhos ruins em que Anabel nunca mais iria voltar.

A mãe, percebendo a tristeza da filha, apareceu dois dias depois com uma boneca nova. Era bela e vistosa, contudo não era Anabel.

Os dias passaram e nada de Anabel. A boneca nova, que nem nome tinha, continuava sentada no sofá com seu sorriso congelado e cabelos não tão brilhantes quanto os de Anabel.

Então, um dia em que passeava com mãe até a confeitaria (quem sabe um brigadeiro animasse a filha?), Maria enxergou, encostado a um muro, um amontoado louro jogado no chão. Soltando as mãos da mãe, Maria correu até lá e juntou aquele ser inerte.

Anabel. Suja, cabelos emaranhados e com terra entre os fios, roupas encardidas. Mas o sorriso brilhante ainda era o mesmo. Era a sua Anabel.

Nem precisaram ir até à confeitaria. Mãe e Maria voltaram para casa e mergulharam a boneca em uma bacia cheia de água perfumada. As roupas foram postas fora e a avó prometeu que costuraria um novo vestido para Anabel. Um vestido cor de sol. Os cabelos ganharam novo penteado e quando Maria foi dormir com a sua boneca, ela estava toda cheirosa.

Anabel voltara de vez para casa.

Patrícia da Fonseca
Enviado por Patrícia da Fonseca em 28/05/2020
Reeditado em 28/05/2020
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