A menina cor de rosa

Ela ainda não sabia, mas era diferente.

Maria era cor de rosa.

Naquele planeta nenhuma outra criança tinha essa cor.

Um dia falou para seu pai que queria trocar de cor.

Ser igual às outras crianças.

Ele perguntou como poderia ajudar.

Ela respondeu: Preciso de uma poção mágica.

O que seria? Onde conseguir? Pensou Charles, seu pai.

O primeiro passo foi sair de casa.

Tentou ligar o carro, mas não funcionou.

A solução: ir de bicicleta.

Charles resolveu passar carvão em todo corpo. Assim, sua pele ficou escura.

No caminho, uma vizinha olhou para os dois coloridos em cima da bicicleta e parecia não acreditar. Pensou em dizer algo, mas ficou em silêncio.

Maria sonhava em ser invisível.

Charles sonhava em ver sua filha feliz.

Na rua encontraram um senhor verde. Ele estava sentando numa praça dando comida para os pombos e parecia contente. Maria observou com atenção.

Cansados resolveram parar e tomar água. No mercado, uma grávida amarela brilhava como luz. Ela, lentamente, escolhia frutas. Maria olhou com calma aquela linda mulher e nada disse. Tomaram água e seguiram pedalando.

Maria ficou todo o tempo em silêncio. Charles só esperava.

Quando começou a chover o carvão escorreu pelo corpo. Em seguida, a pele de Charles voltou a cor normal: azul. Atenta, Maria assistiu a mudança.

Seguia se perguntando: porque sua cor é rosa?

Quando passaram em frente a uma escola viram no pátio várias crianças brincando. Todos tinham a mesma cor. Ela, mais do que nunca, sabia que era diferente.

Depois passaram em frente a uma academia e os adultos eram coloridos.

Andaram por todo planeta. Os adultos tinham cores e as crianças ainda não.

Talvez, um dia, a sua cor mudasse, talvez, não.

Ficou contente e pediu para voltar para casa.

Era uma menina cor de rosa,

talvez, a única naquele planeta colorido.