Macabeia minha primeira amiga

 

 

 

             Gostoso era ir brincar na casa da vovó Catarina, todas as vezes que lá chegávamos, éramos recebidos com um sorriso tão especial que nos fazia acreditar que não haveria amor no mundo se não houvesse aquele sorriso. Éramos às vezes cinco, quatro, mas nunca menos que dois visto que, todos os netos eram igualmente apaixonados por ela e por aquele lugar.

            Enquanto os outros corriam feitos crianças felizes por entre os pomares de frutas cítricas ou ao redor do imenso lago provocando os gansos, eu gostava mesmo era de brincar com a macabeia, para mim macabeia era a criatura mais bacana desse mundo, e porque não dizer do universo? Sim, ela era demais! Primeiro eu sentava ao lado dela e contava pra ela tudo que havia acontecido comigo naquela semana, falava da implicância das outras meninas da escola com as tranças nos meus cabelos, falava de como era difícil ser criança e ao mesmo tempo ter que tirar nota boa na escola para agradar os adultos, falava dos preparativos para minha festa de nove anos que muito me emocionava, falava e falava, às vezes por horas sem parar e a minha amigona ali, quietinha, calada, nunca reclamava, muito pelo contrario, quando devido a um assunto triste eu chorava os olhos dela solidariamente lacrimejavam, apesar de que, lacrimejavam também quando eu a montava. Ela me carregava vagarosamente, e eu sentada sobre macabeia me sentia uma princesa em um daqueles contos de fadas. E novamente eu me emocionava diante daquele momento que para mim era mesmo um conto de fadas... Mas como em toda historia tem que ter sempre um desmancha prazeres, minha mãe exatamente no ápice do meu encantamento gritava: ¨ desce de cima dessa tartaruga Alice, não vê que a coitada já não te agüenta mais... ¨

           Ate hoje não sei o que foi pior, admitir que quanto mais eu crescesse mais macabeia encolheria ou admitir que quando mais o tempo passasse mais distante de macabeia eu ficaria...