Matilda: pisando na bola

Bah, acho que andei “pisando na bola” mesmo, pois meu humano mor saiu com a camionete branca, aquela que sempre achei ser só minha e dele, e não me levou. Será que toda aquela conversa entre meus humanos na última viagem vai acabar se concretizando? E agora, quem poderá me salvar?

Aconteceu o seguinte, meus humanos resolveram ir pra Santa Catarina na camionete branca. Eu fiquei bem feliz quando vi a sacola com minha comida ser colocada junto com as outras mochilas – certo que iria junto! Na ida procurei me comportar direitinho, deitada ou sentada no banco traseiro, mas queria muito ficar próxima dos meus humano e ficava a todo momento enfiando a cabeça entre os dois bancos. Percebi que a minha humana não estava gostando muito da minha atitude, mas conseguimos chegar no destino se maiores problemas, pelo menos pra mim.

Na viagem de volta pra casa, me colocaram no banco de trás de novo, foi ai que me dei conta: espera ai um pouquinho, está camionete é minha e do meu humano, sempre que ele sai pra viajar e me leva, eu sento banco da frente, então o que estou fazendo aqui atrás? E comecei a buscar o meu lugar de direito, ou seja, o banco da frente destinado ao carona, que no momento estava ocupado pela minha humana. Pensei: - só lamento, mas este lugar é meu.

Claro que comecei de leve, enfiando a cabeça entre os banco, como havia feito na viagem de vinda, mas meu corpo ia tomando mais espaço e meus humanos a todo momento precisavam me empurrar para trás. Pararam o carro, meu humano diminuiu minha guia, mas não adiantou, mesmo quase me enforcando eu só queria o meu banco da frente. Pararam de novo, meu humano colocou uma lona entre os bancos...Ah, os humanos não conhecem a persistência dos caninos, ainda mais de uma cadelinha com experiência de vida na rua, como eu. Não cheguei a roer a lona, porque não estava com fome e não quis, mas tratei de ultrapassar aquela barreira e buscar meu objetivo do momento.

Foi assim até chegarmos em casa.

Mas agora, vendo a vida passar e sem a camionete na garagem, lembrei da conversa entre meus humanos, principalmente daquela que ocupava meu lugar e que se deu conta do que eu queria (é esperta essa minha humana). “ viu, tu dá toda mordomia pra esta cadela e agora tá aí. Era o que me faltava, ter o lugar no carro disputado com a Matilda”. E o papo sério se desenrolou até que eu ouvi, sem querer acreditar: “a partir de agora tu escolhe, viajas comigo ou com a Matilda. O Tobby e a Zefa nunca viajaram conosco e não morreram por causa disso...”

Gente, fiquei bege, minha humana estava falando sério. Parece que agora vou ficar só em casa mesmo. Oh vida cruel está de cachorro. Vou ter que me contentar em ficar com meus irmãos felinos e, ver a paisagem pelo vidro do carro... (não gosto de usar o “nunca mais”, prefiro ficar com o “tão cedo”).

Quem sabe rola uma campanha tipo #devolvamobancodafrentepramatilda

Matilda

Tânia França
Enviado por Tânia França em 10/10/2019
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