NA FAZENDA DO SEU ZÉ
Hoje o dia começou assim, na fazenda do seu Zé, eu vi dona Joaninha passeando em seu jardim,
carregando uma folhinha, sob a casinha do seu cupim.
Vi a dona tartaruga andando devagarinho, enquanto a galinha carijó, ciscava com um pé só.
As borboletas voavam, colorindo o céu azul, e a dona vaca malhada, coitada, corria do boi zebú.
O bode do seu Zé, ficou no canto acuado, porque o danado do cavalo maroto foi pra cima fazendo alvoroço.
E lá vem a galinha da angola, toda prosa, enfeitada, gritando com o garnizé que não largava do seu pé.
Na fazenda do seu Zé, tem muito bicho danado, tem um porco arrepiado,
que o seu nome é buscapé.
Tem uma grande lagoa cheia de peixes pra pescar, a noite quando todos dormem, os sapos vem cracoar.
Tem uma vista pras montanhas, onde o sol se põe a tardinha,
e a lua logo aparece, pra clarear a noitinha.
Os bichos dormem sossegados, menos a dona coruja, que fica de olho arregalado, nos buracos da gruta.
Quando amanhece o dia, ainda de madrugada, o galo canta tres vezes, pra anunciar a chegada, e o sol nasce de mansinho, pra aquecer o ninho da passarada.
Seu zé sai de fininho, depois do café da manha, com sua enxada nas costas, capinando sua horta, plantando as sementinhas e tirando as ervas daninhas.
Ele rega o jardim, poda as flores e os jasmins, e volta pra casa cansado, com o cachorro ao seu lado, brincando com o porco espinho.
Eita lugar animado, seu Zé vive muito feliz, a noite pega a viola e canta
pra bicharada, o seu forró de raíz.