Sucatinha em: O bicho engolidor
O Sistema Solar corre perigo, noticiou o jornal, pois uma estranha criatura alienígena chamada de o Bicho Engolidor estava engolindo todos os planetas do Sistema Solar. Ele já havia engolido Plutão, Netuno e Urano, e já estava se dirigindo à Saturno. Nesse embalo, não demoraria muito para chegar à Terra.
Nisso, Sucatinha começou a construir uma nave, nos fundos de casa, para ir ao espaço sideral e acabar de vez com o Bicho Engolidor. A nave que não passava de uma engenhoca tinha tração nos quatro ventos. Isso porque o motor era quatro grandes balões, um de cada cor. O volante eram dois extintores de pó químico. Assim, se quisesse virar para direita, acionava o extintor esquerdo. Se quisesse virar para esquerda, acionava-se o extintor direito. E se quisesse impulsionar para a frente, acionavam-se os dois extintores ao mesmo tempo. O freio... bem pra falar a verdade nem sei se tinha freios nessa nave. Já os faróis eram duas lanternas, uma de cada lado. Sucatinha levou para a nave, biscoito maria, água, ki-suco e até uns pirulitos do zorro para relaxar durante a viagem.
Assim, com a nave já ajeitada, Sucatinha encheu os balões com gás hélio e desatou a nave que começou a subir... subir... E lá foi Sucatinha rumo ao espaço sideral. Ele passou por sobre as casas... depois sobre os prédios... por sobre as nuvens... depois atravessou a Troposfera... a Estratosfera... a Mesosfera... a Termosfera, e, por fim, a exosfera que é onde os foguetes e as naves trafegam. Durante a viagem, Sucatinha viu um montão de coisas como aviões, balões meteorológicos, foguetes, satélites, meteoros... Passou também por Mercúrio, por Vênus, pela Terra, por Marte, por Júpiter, e por fim: Saturno, que é um planeta parecido com um Pogobol.
E sabe o que Sucatinha viu ali escritinho próximo ao planeta Saturno? Ele mesmo, o Bicho Engolidor que já estava prestes a engolir o planeta. Mas antes o Bicho Engolidor deu uma pausinha pra comer um asteroide que por ali passava: NHOC NHOC NHOC!... O bicho comia o asteroide parecendo Sucatinha comendo uma de suas bolachas Mabel. NHOC NHOC NHOC!... Depois o bicho arrotava um arroto mais horroroso do mundo: GROOOU! E cada arroto que o bicho dava formava-se uma nebulosa.
O bicho engolidor, na verdade, não passava de um grande minhocuçu com mãos. Coisa mais esquisita do mundo! Os olhos eram grandes e amarelos como dois cometas. Já a boca era bem grandona assim, parecendo boca de sapo, e tão escura como um buraco negro, e tudo que entrava ali ia para o beleléu. E o bicho tinha a capacidade de mudar de tamanho, sabia? Sim, ora ficando maior, ora ficando menor conforme à necessidade. E o bafo do bicho tinha a capacidade de reduzir as coisas de tamanho. Assim bastava uma baforada do bicho em um planeta que o mesmo se encolhia e em seguida era engolido pelo Bicho Engolidor.
Sucatinha rapidamente, voou até ele a fim de distraí-lo. O bicho engolidor olhou assim de rabo de olho para Sucatinha, e... NHOC! Engoliu o menino com nave e tudo. Mas se acalmem, amiguinhos! Sucatinha é muito esperto. Quando o bicho engolidor deu o bote para engoli-lo, Sucatinha já havia saltado dos tempos da nave e foi parar bem em cima de um asteroide. O Bicho deu outro bote, e Sucatinha pulou para outro asteroide, deu outro bote, e Sucatinha pulou para outro asteroide... Mas, dado um momento, VIXE! Sucatinha ficou acuado, sem mel, nem cabaça, pois tinha acabado todos os asteroides para ele saltar. Pobre guri! E agora?...
Mas calma, tudo tem um jeito. Sucatinha pegou impulso e... Um Dó Lá Si e já! Bateu as mãos no chão e deu um salto mortal para trás e foi parar sabe aonde? Bem em cima do rabo do Bicho Engolidor. E começou a correr o mais que depressa caçoando do Bicho Engolidor:
— Uh UUUh boca de jacaré! Seu bafo tem cheiro de chulé!
O Bicho Engolidor começou a ficar com fogo nas ventas de tanta raiva, pois não gostava que ninguém ficasse caçoando dele. Ele deu outro bote, mas Sucatinha se desviou e o bicho engolidor acabou mordendo o seu próprio rabo. E Sucatinha saiu correndo por sobre o Bicho Engolidor, provocando-o ainda mais:
— Uh UUUh, bucho de lombriga! Vou dar um chuto na sua barriga!
E o bicho ficou com tanta raiva, mas com tanta raiva que começou a engolir ele mesmo... CHUP CHUP CHUP!... E de acordo que ia se engolindo, o bicho começou a golfar todos os planetas que havia em sua barriga. GROO… GROO… E cada golfada era um planeta que saía GROO… GROO… Era planeta saindo pelo canto da boca, estrela saindo pelo nariz, meteoro saindo até pelo ouvido do bicho.
Logo ele havia posto para fora todos os planetas que havia engolido. E os planetas começaram a voltar ao seu tamanho normal e a ocupar suas posições de antes no sistema solar. Enquanto isso, Sucatinha continuou correndo em disparada até chegar na cabeça do bicho engolidor. E como o bicho engolidor era muito burro. Acabou se engolindo todo e... PLUF! Sumiu de vez.
— Ufa! — Suspirou Sucatinha. Mas e agora?! Como ele voltaria para casa já que não tinha mais nave nem nada? O pobre menino estava agora perdido no espaço sideral. Ele sentou em cima de um... como se chama mesmo aquela pedra que tem no espaço, amiguinhos? Ah, lembrei, aerolito. Pois é ele se sentou em cima de um aerolito e começou a chorar:
E como estava muito cansado, deitou ali mesmo sobre o aerolito e adormeceu.
͢De repente, começou a ouvir uma voz ecoando ao longe pelo espaço afora:
— Sucatinha... Sucatinha...
A voz parecia com a voz da vovó. "Mas, como podia", pensou ele. "Com certeza é só a minha mente me pregando uma peça.""Nunca mais verei a vovó novamente."
E a voz continuava a ecoar pelo espaço:
— Sucatinha... Sucatinha...
De repente, Sucatinha acordou assustado com a vovó lhe chamando para tomar café e ir para a escola.
Durante o café, Sucatinha contou todo o sonho para a vovó de como ele havia ido ao espaço e dado cabo do Bicho Engolidor. Vovó disse que ele havia sonhado porque tinha estudado muito sobre o universo para a prova de ciências que teria logo mais na escola. Após tomar o café, Sucatinha foi pra escola e contou o sonho para os seus coleguinhas.
E há, estava me esquecendo. Sucatinha tirou nota dez na prova de ciências.