Peraltices no "Rio Iguaçu"
Texto: Miriam Carmignan
Imagem: Laura Ciello
Era imenso e muito perigoso, sua extensão e largura incomparável a qualquer parâmetro para defini-lo bem certinho. Os adultos assustavam os menores, com assombros para que não fossem brincar lá. Pois, muitas vidas haviam sido ceifadas em função da extração da areia. Formavam-se poços profundos. E, se por ventura alguém caísse, mesmo sabendo nadar, não conseguiria se salvar. As margens arenosas eram tentadoras para as crianças brincarem. No entanto, qualquer deslize não tinha volta.
Maria e seus irmãos faziam parte deste universo. Foram criados na beira desse imenso rio. Era belíssimo e altamente perigoso. Este era de muita valia para toda uma população dos arredores, em especial para as lavandeiras. Ali na beira, elas lavavam muitas roupas para fora e de todos os familiares. E, naturalmente que levavam sua prole junto para que ficassem de olho na filharada. Que não eram poucos. Em média as famílias ribeirinhas e as lavandeiras tinham de seis a dez crianças. Entre filhos, netos... Famílias numerosas. Quando se juntavam para brincar, faziam muita estripulia.
Um belo dia, aproveitando a distração das mulheres, as crianças resolveram se afastar e foram brincar nos botes que ficavam ancorados na margem do rio, atrás de uma arquibancada de um campo de futebol, onde embaixo havia um bar e os homens costumavam jogar bocha. Na margem, havia muitos botes de pescadores que provavelmente eram daqueles que costumavam atravessar para o outro lado. Certamente havia uma aldeia e, ou pessoas que habitassem no outro lado daquele rio. Pois a movimentação de travessias era constante. Como a mata era bem fechada, não dava para ver nada, então a curiosidade das crianças era grande em saber quem morava por lá!
Morriam de vontade de saber o que tinha naquele outro lado. Os pais inventavam histórias de monstros e fantasmas para assustá-los. Como era largo e distante, nunca ficaram sabendo verdadeiramente o que havia lá. Se eram moradores ou apenas casebres de pescadores...
Os moleques costumavam ficar nos botes e gritar para ouvir o eco do outro lado do rio. Os botes eram grandes e ficavam enfileirados com os remos dentro e amarrados na beirada.
Um certo dia, não aguentando a curiosidade em atravessar o gigante, era como eles apelidaram o rio, numa distração das mulheres, foram chegando devagarzinho para mais perto dos botes. Todos estavam cheios de água, pelo tempo de permanência ali parados.
Então, esvaziaram os botes com latinhas, soltaram as cordas e foram... Os botes ficaram abarrotados de crianças. Mal começaram a remar a correnteza foi levando eles para longe da margem e afundando devido ao peso.
Nenhum deles sabia nadar. Os botes começaram a afundar. A gritaria foi tanta que alguns homens que estavam jogando bocha ali bem próximo, se jogaram no rio de roupa e tudo e foram salvar as crianças. Amarraram as cordas na cintura e foram puxando até a beirada.
Maria e seus irmãos estavam lá, também... Morrendo de medo, não de se afogar, mas da surra que iam levar quando chegassem em casa. E para agravar a situação, um dos homens que foi socorrê-los era motorista da ambulância. Ele, o motorista, para assustar a criançada e seus pais, ligou a sirene e saiu a toda velocidade, levando um por um e entregando aos pais e xingando todo mundo, pela insanidade deles em deixar a gurizada solta nos perigos.
Porém, nenhuma culpa os coitados dos pais tinham! Quem fazia as brincadeiras malucas, eram as crianças, sem a menor noção dos perigos que o passeio de bote poderia ocasionar e, não fosse o socorro dos homens que ali estavam para salvá-los, teriam se afogado.
Imaginem as reações dos pais! As surras foram gerais. Todos ficaram de molho por um dia ou dois. No outro, estavam aprontando novamente.
Como as famílias tinham muitas crianças, os pais não davam conta de ficar vigiando ou cuidando de todos. E, geralmente, nunca sabiam onde seus filhos estavam brincando. Mas não adiantava falar, ou apanhar, pois quando podiam escapavam e iam brincar nos locais mais perigosos do bairro. Em especial na beira desse gigante rio...
Maria e seus irmãos faziam parte deste universo. Foram criados na beira desse imenso rio. Era belíssimo e altamente perigoso. Este era de muita valia para toda uma população dos arredores, em especial para as lavandeiras. Ali na beira, elas lavavam muitas roupas para fora e de todos os familiares. E, naturalmente que levavam sua prole junto para que ficassem de olho na filharada. Que não eram poucos. Em média as famílias ribeirinhas e as lavandeiras tinham de seis a dez crianças. Entre filhos, netos... Famílias numerosas. Quando se juntavam para brincar, faziam muita estripulia.
Um belo dia, aproveitando a distração das mulheres, as crianças resolveram se afastar e foram brincar nos botes que ficavam ancorados na margem do rio, atrás de uma arquibancada de um campo de futebol, onde embaixo havia um bar e os homens costumavam jogar bocha. Na margem, havia muitos botes de pescadores que provavelmente eram daqueles que costumavam atravessar para o outro lado. Certamente havia uma aldeia e, ou pessoas que habitassem no outro lado daquele rio. Pois a movimentação de travessias era constante. Como a mata era bem fechada, não dava para ver nada, então a curiosidade das crianças era grande em saber quem morava por lá!
Morriam de vontade de saber o que tinha naquele outro lado. Os pais inventavam histórias de monstros e fantasmas para assustá-los. Como era largo e distante, nunca ficaram sabendo verdadeiramente o que havia lá. Se eram moradores ou apenas casebres de pescadores...
Os moleques costumavam ficar nos botes e gritar para ouvir o eco do outro lado do rio. Os botes eram grandes e ficavam enfileirados com os remos dentro e amarrados na beirada.
Um certo dia, não aguentando a curiosidade em atravessar o gigante, era como eles apelidaram o rio, numa distração das mulheres, foram chegando devagarzinho para mais perto dos botes. Todos estavam cheios de água, pelo tempo de permanência ali parados.
Então, esvaziaram os botes com latinhas, soltaram as cordas e foram... Os botes ficaram abarrotados de crianças. Mal começaram a remar a correnteza foi levando eles para longe da margem e afundando devido ao peso.
Nenhum deles sabia nadar. Os botes começaram a afundar. A gritaria foi tanta que alguns homens que estavam jogando bocha ali bem próximo, se jogaram no rio de roupa e tudo e foram salvar as crianças. Amarraram as cordas na cintura e foram puxando até a beirada.
Maria e seus irmãos estavam lá, também... Morrendo de medo, não de se afogar, mas da surra que iam levar quando chegassem em casa. E para agravar a situação, um dos homens que foi socorrê-los era motorista da ambulância. Ele, o motorista, para assustar a criançada e seus pais, ligou a sirene e saiu a toda velocidade, levando um por um e entregando aos pais e xingando todo mundo, pela insanidade deles em deixar a gurizada solta nos perigos.
Porém, nenhuma culpa os coitados dos pais tinham! Quem fazia as brincadeiras malucas, eram as crianças, sem a menor noção dos perigos que o passeio de bote poderia ocasionar e, não fosse o socorro dos homens que ali estavam para salvá-los, teriam se afogado.
Imaginem as reações dos pais! As surras foram gerais. Todos ficaram de molho por um dia ou dois. No outro, estavam aprontando novamente.
Como as famílias tinham muitas crianças, os pais não davam conta de ficar vigiando ou cuidando de todos. E, geralmente, nunca sabiam onde seus filhos estavam brincando. Mas não adiantava falar, ou apanhar, pois quando podiam escapavam e iam brincar nos locais mais perigosos do bairro. Em especial na beira desse gigante rio...
Texto: Miriam Carmignan
Imagem: Laura Ciello