Bola de Neve
 
Bola de Neve é o gato peludo mais lindo que já vi na minha vida. Ele é filhote da Mima. Uma gata muito bonita e sapeca e que teve dez filhotes numa vez só. E um deles foi bola de neve.
Ele é tão fofo e branquinho que parece uma bola de neve. Seu pelo é longo e fininho, de um branco alvo, que chega a doer os olhos. Os grandes olhos verdes brilham no escuro como se fosse uma luz forte. As orelhas são enormes e pontudas, seu narizinho é bem redondinho, com um bigodinho bem pequeno, os dentes são grandes, brancos e pontiagudos, que quando ele abre a boca para miar até parece um leão de tão afiados que são. Seu rabo é imenso, tão grande, que quando ele anda arrasta no chão e vai varrendo tudo que está no caminho. As patas dele são tão peludas que parece que nem têm pernas. É muito lindo!
Ele cresceu muito mansinho e carinhoso. Quando se aninha em algum cantinho da casa, as pessoas precisam tomar cuidado para não sentarem encima dele. Parece uma almofada deliciosa e fofa. O pelinho dele é cheiroso, macio e gostoso como algodão doce. Todos os seus dez irmãos são de cores diferente. Bola é o único branco da sua família. Parece como a neve esparramada pelo chão.
Bola de Neve quase nunca saía para fora de casa. Estava sempre enroladinho ou espreguiçando-se de lá para cá.
Então um belo dia bola resolveu sair de casa para explorar nas redondezas e ver se achava algum amiguinho diferente. Pois ele só brincava com seus irmãos e queria muito encontrar um novo amigo.
Foi porta afora, e sem perceber que tinha degraus sem proteção nos nas laterais da escadaria, acabou rolando escada abaixo como uma bola de futebol.
Rolando, rolando... Até parar debaixo da casa, onde havia muita terra, buracos, tocas, garrafas vazias, latas velhas, madeiras. Um monte de lixo. E no meio disso tudo, naturalmente que se criam alguns roedores. Os ratos adoram lixo!
Bola, muito sossegado, começou a brincar sozinho no meio daquela bagunça toda. Escavava buracos, jogava terra por todos os lados levantando uma poeira tão intensa, que logo em seguida ficou com seu pelo branquinho totalmente escuro, quase que um preto meio acinzentado. Parecia um grande ratão. Ninguém imaginava que ele era um gato. Ficou totalmente diferente. Confundindo-se com os roedores que ali estavam.
Desta forma, aconteceu uma coisa bem interessante: um ratinho que ali estava, olhou para Bola e perguntou?
-Quer ser meu amiguinho?
- Claro! Adoraria ser seu amiguinho! Vamos brincar e fazer muitos buracos e jogar terra por todos os lados.
Assim ficaram por muito tempo rindo, brincando, jogando terra um no outro, pulando de um lado para o outro, revirando as garrafas velhas, fazendo buraquinhos, construindo castelos de coisas velhas, roendo e arranhando tudo o que viam pela frente. Até que a fadiga começou a enfraquecê-los.
De repente, Bola começou a sentir uma fome e o ratinho também. O ratinho, como tinha escondido seu queijo num buraco, logo saiu correndo e trouxe para perto de seu novo amigo. Ofereceu um pedaço bem generoso para Bola. Como seu novo amigo era bem maior que ele, então acreditou que gostaria de comer um pedaço maior que o dele.
O gato, todo sujo de terra e parecendo um rato grande, arregalou seus grandes e verdes olhos olhou para o ratinho e começou a salivar.
Mas, imediatamente chacoalhou seu grande rabo e pensou: - Não! Não posso comer meu amigo, ele pensa que sou um rato como ele, e se perceber que sou um gato vai sair correndo e vou perder meu amiguinho. Estou adorando brincar com este ratinho amigo.
Então, olhou para um lado, olhou para outro lado, arregalou os olhos e fez menção de soltar um miado. Mas, se segurou. Huhuhuuu
Virou sua cabeça para outro lado e viu um lago bem próximo de onde estavam. -Pensou... peixes vivem nos lagos, nas águas.
- Acho que vou mergulhar e apanhar um para matar minha fome. Assim sendo, evito de comer meu amigo ratinho. Ele é especial, me fez rir e senti muita felicidade junto de sua companhia. Também não gosto muito de carne de ratos. Prefiro a ração que mamãe mima me dá.
No entanto a mamãe mima havia ensinado que quando desmamamos e não temos uma casa com família que nos abrigue, temos que caçar ratinhos para saciar nossa fome e assim também estaremos ajudando a proteger a natureza fazendo a cadeia alimentar, evitando assim a proliferação de doenças como a leptospirose e outros estragos que estes bichinhos fazem.
- Nossa! Que nome esquisito! ... falou Bola para sua mãe.
-Esse nome esquisito é de uma doença causada pelos ratos, que invadem todos os tipos de lugares onde há lixos acumulados, trazendo muitas doenças para as pessoas. E nós, como fazemos parte da preservação e ciclo da vida, temos que prestar atenção e fazer o que seja melhor para todos. Como temos dentes afiados e pontiagudos, podemos caçar esses danadinhos.
- Bola lembrando-se dos ensinamentos de sua mãe refletiu sobre isso. E também não queria comer seu amigo rato.
Tenho outra ideia!
Num salto gigantesco pulou na água, mergulhou e abocanhou, um, dois, três... saciou a fome, lambeu os beiços e saiu do lago começou a chacoalhar seus longos e brancos pelos.
_Opa! Como?
_chacoalhou seus longos pelos branquinhos? Isso mesmo! Longos e alvos como a neve!
O rato que não é bobo e nem nada, quando percebeu que era um gato, saiu em disparada entrando, no meio daqueles buracos escondendo-se de Bola de Neve.
Bola ficou parado sem entender o que estava acontecendo. Não tinha se dado conta que o ratinho só estava brincando com ele porque estava todo empoeirado e se parecendo com seus irmãos ratos. Só que um pouco maior.
Ficou triste quando viu seu amigo sair correndo. Entrou em casa e perguntou para sua mãe Mima.
- Mamãe, porque meu amigo ratinho saiu correndo quando eu saí da água?
-Como assim? Perguntou mima! Estávamos brincando bem felizes. Mas, senti fome. Até me deu vontade de comer meu amigo ratinho, ele era bem gordinho. Mas, como era meu amigo, não podia fazer isso. Então, comecei a pensar...
Tive uma ideia, pulei no lago e comi alguns peixinhos. Mas quando voltei, meu amiguinho saiu em disparada, e não consigo mais achá-lo para brincarmos.
-Mima, muito brincalhona, divertindo-se com a situação, respondeu para Bola: - Pense bem meu filho, por que os ratos sentem tanto medo dos gatos?

Autora do texto: Miriam Carmignan