A cor do vento

Um dia peguei um punhado de vento

com as mãos.

Senti o seu perfume.

Depois coloquei-o dentro de minha caixa mágica,

envolvido em papel celofane,

para protegê-lo do frio.

Eu queria saber a sua cor,

mas para isso não podia ter pressa.

Deixei-o lá trancado por um tempo.

Passado esse tempo, abri um orifício,

para que ele não escapasse.

Olhei-o dormindo sossegado, sob a proteção do papel.

Não tinha cara de assustado.

Parecia feliz até.

Mas não via nenhum matiz.

Conformado, chamei algumas crianças, que brincavam de amarelinha na rua, para que elas se surpreendessem com o vento.

A criança que olhou primeiro disse: - olha, é vermelho.

A segundo discordou: - não, é azul.

Depois a terceira riu, afirmando: - é verde.

- Não, é lilás - gritou a outra.

Cada uma vislumbrava uma cor.

Em coro disseram: - Solta ele, tio!

Em seguida o libertamos entre as flores do jardim.

Enquanto elas acenavam contentes,

eu tentava entender porque eu não enxergara

nenhuma cor...