Amy, pós cirurgia
Lembro do meu avô humano me dar um banho (meia boca), deixar eu dormir na sala e, cedo da manhã colocar a guia e me levar pro carro. Pensei: ebaa, vou pra minha casa – SQN – fui pra “casa” de outra pessoa que nunca tinha visto mais magra. Ela fez um monte de perguntas pro meu avô, me apalpou, me fez um cafuné e quando me dei conta estava sozinha com essa estranha. Meu São Chiquinho, o que fiz pra merecer tal castigo, eu tão pequenina e indefesa, quase um cãozinhoanjo?
Eis que de repente ouço uma voz conhecida, mas estou tão perdida, tonta, zonza, banza... que nem consigo expressar sentimentos quando vejo minha avó humana me chamar de “meu amor”. Fico agradecida quando a mulher, que agora sei se chama Margarida, me tira daquela gaiola apertada, dá instruções pra minha avó de como cuidar de mim.
Quanto tempo fiquei na casa daquela estranha? O que aconteceu comigo lá? Não sei. Mas sei que não me sinto a mesma Amy de antes. Parece que falta um pedaço de mim (isso dá música). Meus avós humanos estão “cheios de dedos” comigo: não posso correr, não posso subir no sofá, não posso chegar perto da escada, tenho que ficar mais na guia e usar uma roupa especial, que não tem nenhum “fru-fru” como minha mãe Patrícia gosta.
Credo, será que um dia voltarei a ser a Amy de antes, aquela arteira, levada, incomodativa? Será que meus pais humanos vão me querer de volta e minha mana Kika vai me aceitar assim, faltando um pedaço de mim? Será que vou voltar pra minha casa na Palhoça?
Aí São Chico, me ajuda, por favor, pra que tudo volte ao normal na minha vidinha canina!
Passados uns dias, vou me sentindo mais animada, aquelas dores na minha barriguinha vão diminuindo e vou tentando ficar mais alegre, só que a saudade de casa ainda é grande.
Eis que um belo dia, ouço o carro de meu pai chegando, nossa, meu rabinho fica que parece um catavento de tão feliz. Eles não me esqueceram, vieram me buscar e me aceitaram mesmo assim, castrada, porque sabem que é melhor pra mim.
Sou a Amy feliz!